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Problema recorrente e estrutural na sociedade, o racismo afeta os negros todos os dias. Frases de duplo sentido, ofensas, agressões físicas e até mesmo assassinato. Tudo isso é a realidade que foi retratada no projeto Cotidiano – À Flor da Pele, encabeçado pela professora Aline Torres e pelos alunos do Colégio Estadual Gustavo Dobrandino da Silva, em Foz do Iguaçu.
A edição deste ano conta com exposições de fotografias exaltando a beleza negra e com um “corredor de sensações” montado e criado pelos estudantes. Quem passa no corredor é recebido com ofensas, dados e estatísticas de como o racismo impacta a população. “A turma do segundo ano de administração topou fazer um trabalho diferente e mostrar o racismo da forma mais prática e cruel que existe”, disse Torres.
VÍDEO: Corredor de Emoções
“Começamos a montar as ideias com a professora Aline e depois chegou onde chegou”, contou Gabrielly Simpsen, uma das alunas que elaboraram o projeto. Tanto alunos quanto professores afirmaram que os casos de racismo na escola aumentaram bastante depois da pandemia. “Pode até não mudar a pessoa, mas vai ajudar a mostrar o que ela faz a outra pessoa sentir”, comentou Ryan Gabriel, estudante.
“Aquela sala não é para o aluno preto, é para quem pratica o racismo”, informou Torres. O sucesso do experimento é evidente: professores e alunos se emocionaram. O professor Marco Aurelio Morel foi o primeiro a ver a exposição e relatou: “Você sente aquele impacto, e o melhor é que você não tá esperando.”
Ingredy Medrado, professora de Matemática, revelou ter ficado ansiosa do começo ao fim, que ouviu algumas ofensas ditas no corredor de sensações e que já presenciou situações de violência.
Da parte dos alunos, Lucas Gabriel mencionou que começou a suar frio e a “travar” no meio do percurso. Kauan da Silva falou o quanto é importante essas situações não serem normalizadas. “Muitas vezes, as pessoas falam como se fosse piada, mas mesmo que a pessoa tenha ignorado o racismo nunca vai deixar de ferir.”
Cotidiano – À Flor da Pele
O projeto teve início em 2016, quando a professora Aline Torres teve a ideia de fazer um trabalho de valorização da beleza negra. Com ajuda do jornalista e fotógrafo Marcos Oliveira, foram tiradas fotos de várias pessoas mostrando e valorizando o cabelo crespo e outros traços negroides. A exposição ganhou maior notoriedade e percorreu a cidade.
Já o corredor de sensações surgiu neste ano e ficará aberto ao público na terça-feira (21). Também estará na Festa Negra do Ceju (Centro da Juventude Foz) no dia 29 (quarta-feira).
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