Pesquisadores alertam para risco de retorno da poliomielite, da qual o Brasil foi considerado livre em 1994, em certificado da Organização Mundial da Saúde (OMS). O perigo de reintrodução da paralisia infantil tem um motivo determinante: a baixa cobertura vacinal.
Pais, mães e responsáveis pelas crianças abaixo de 5 anos não têm procurado os postos de saúde para a aplicação do medicamento. E as soluções adotadas pelo poder público para aumentar o número de doses se mostram insuficientes até aqui, dados os indicadores oficiais.
Doença infectocontagiosa, a pólio é causada por vírus. Seus efeitos vão desde resfriado comum a problemas graves no sistema nervoso, como a paralisia irreversível, principalmente em crianças com idade abaixo de 5 anos, explica a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
Foz do Iguaçu está muito distante de atingir a meta, alcançando apenas 53% do público-alvo, diante do objetivo que é chegar a pelo menos 95%. E o problema não para por aí, pois a adesão é baixa para outras vacinas pediátricas, de acordo com o programa municipal de imunização.
Nos últimos anos, ideias, superstições e teorias sem pé nem cabeça avançaram sobre o terreno da ciência no país. As campanhas de vacinação passaram a competir, em condições desiguais, com movimentos de desinformação e com a disseminação desenfreada de fake news.
A segurança e a esperança que as famílias depositaram nos imunizantes por décadas se dissipam em meio à difusão de mensagens por celular e em outros meios que sequer assinam a procedência. Outrora sinônimo de proteção e amor, a vacina é hoje vista com desconfiança por muitos.
“Os vírus e bactérias não têm ideologia. Se uma grande quantidade de pessoas não se vacinar, as doenças e mortes vão voltar”, adverte a médica infectologista Flávia Trench, também professora universitária. Ela avalia que o temor do imunizante contra a covid-19 transbordou para os demais.
A pandemia acentuou a vulnerabilidade da população quanto a doenças infecciosas – e, enquanto existir paralisia infantil em qualquer outro lugar, haverá o risco da doença entre nós, lembra a Fiocruz. E o remédio é vacinar, proteção individual e coletiva ofertada de graça, perto de casa, pelo Sistema Único de Saúde.
Comentários estão fechados.