Voto, filiação partidária e democracia sem povo

Leia a opinião do portal sobre a relação da filiação partidária, eleições, voto e vida política no exercício da cidadania.

Apoie! Siga-nos no Google News

Um a cada dez eleitores é filiado a partido político em Foz do Iguaçu. Dos 204 mil iguaçuenses habilitados para votar no pleito municipal deste ano, 22.415 possuem filiação partidária, em 34 siglas, mostra levantamento exclusivo do H2FOZ.

Se a realização da democracia apenas é possível com a base da sociedade sendo parte, a observação e a leitura absolutas desse numerário, stricto sensu, poderiam encorajar cenários profícuos de cidadania. Contudo, é preciso diferenciar filiação formal de participação e decisão.

O que se pode enxergar são agremiações cada vez mais distanciadas da vida política orgânica e das demandas do dia a ida da comunidade, com poucas exceções que escapam à regra. Mais das vezes, o filiado somente opera o ato burocrático para a manutenção cartorial de partidos.

À ausência de programas nítidos ou à falta de coerência na sua aplicação, adicionam-se alianças de convivências em tempos de eleição que embaçam ainda mais o cenário. Para conquistar o voto, críticos e criticados de outrora conseguem posar no mesmo palanque com naturalidade e indisfarçada dissimulação.

O sistema da Justiça Eleitoral mostra que a maior parte dos partidos em Foz do Iguaçu corresponde a órgãos provisórios. É uma situação de vulnerabilidade à decisão de “capas-pretas” em níveis estadual e federal – não que os demais estejam imunes ao intervencionismo que vem cima.

Ainda que ideologias e visões de mundo incidam na escolha, a eleição municipal é a mais próxima da realidade do morador. É na cidade que os problemas das pessoas são materializados. A escolha do prefeito, vice e vereadores deve ser, pois, um momento rico de participação.

O cidadão é convocado somente a cada dois anos para exercer o direito constitucional que preconiza emanar dele todo o poder. No restante do tempo, prevalece uma espécie de democracia sem povo. Mas nem por isso o voto, soberano, independente e consciente, deixa de ser um forte instrumento à sua mão.

Votar enfatiza o chamado para o morador ser sujeito político integralmente, além das urnas, para que os representantes escolhidos exerçam essa confiança unicamente a favor da coletividade. Mesmo porque, já foi escrito, infeliz daqueles que precisam viver sob a tutela de heróis.

LEIA TAMBÉM
1 comentário
  1. Nelson Diz

    O artigo é bem realista. Infelizmente a população é massa de manobra . Os que estão filiados a esses Partidos ,são usados para dar legítimidade. Os eleitores quando votam pensam e ouvem que através do voto ele está escolhendo ou decidindo o futuro do País ,Estado ou Município. O que não é verdade . Vota no João e elege o Sebastião. E o Sebastião aceita um cargo para acomodar o Pedrão …então somos ludibriados a cada eleição. E outra enganação é que dizem que vivemos em uma Democracia , PORÉM somos obrigados a votar …

Comentários estão fechados.