Vereadores vão de BBB a cheque em branco em plena crise econômica e social histórica

É comum parlamentares realizarem “curso” sobre como ser vereador. Os edis de Foz do Iguaçu mesmo, não muito tempo atrás, tinham por hábito viajar para participar de capacitação em congressos e encontros.

É comum parlamentares realizarem “curso” sobre como ser vereador. Os edis de Foz do Iguaçu mesmo, não muito tempo atrás, tinham por hábito viajar para participar de capacitação em congressos e encontros. Talvez seja a hora de buscar eventos semelhantes em meio à pandemia. Vejamos.

A vereadora Protetora Carol Dedonatti (PP) esqueceu o microfone aberto durante sessão da Câmara Municipal e confessou desconhecer o andamento da matéria que acabara de aprovar. “Todo mundo votou sim, eu nem sei”, disse.

Dez vereadores – repito, dez vereadores – pediram, por meio de uma indicação coletiva, que a prefeitura determine estudos para a instalação de câmeras de filmagem no Hospital Municipal, inclusive na UTI para pacientes com covid-19.

Depois que profissionais da saúde mostraram o absurdo da matéria, que foi liderada pelo vereador João Morales (DEM), choveram justificativas e retiradas de assinaturas do pedido, começando pela vereadora Yasmin Hachem (MDB), que afirmou ter pensado melhor e “não ter acordo” com a proposta.

Esses são dois fatos recentes que demonstram como estão sendo tratados muitos temas que tramitam na Casa de Leis, assuntos que interferem diretamente na vida da população iguaçuense. Mais grave ainda é como não são tratados adequadamente alguns projetos pelo Legislativo.

Um exemplo é o aval que os vereadores acabam de dar ao prefeito Chico Brasileiro (PSD) para que o município faça um endividamento de R$ 40 milhões com a Caixa Econômica Federal para obras. Foi praticamente um cheque em branco, pois o projeto não apresenta um cronograma de obras nem o valor individual de cada serviço.

Além disso, parte do dinheiro que virá da Caixa será destinada à elaboração de tais projetos, cujo valor não foi informado na proposta aprovada pelos edis de Foz do Iguaçu. A aprovação do projeto foi rápida, com duas votações em uma sessão extraordinária.

As obras são necessárias. Mas a pergunta que não foi feita pelos vereadores nem discutida com a população é: por qual razão a cidade está endividando-se para executar pavimentação e outros serviços no pior momento da pandemia de covid-19?

E os recursos do orçamento municipal?

E os repasses estaduais para infraestrutura?

Enquanto os vereadores autorizam a Prefeitura de Foz do Iguaçu a pedir dinheiro ao banco para fazer asfalto, abertura de vias e pequenas pontes, outros municípios, que enfrentam a mesma gravidade sanitária, já olham para frente.

Cascavel, por exemplo, movimenta a sua base política para ser o hub logístico da Nova Ferroeste, visando a se tornar polo de atração de investimentos com o novo projeto da ferrovia do Oeste do Paraná.

Há que se perguntar então: qual seria a grande pauta para o desenvolvimento social e econômico de Foz do Iguaçu em debate na Câmara de Vereadores?

Que a renovação de nomes da nova legislatura não se restrinja à reprodução das práticas da legislatura passada. Foz do Iguaçu merece mais. Bem mais!

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