Embarcar diariamente em ônibus para o trabalho em Foz do Iguaçu só não é mais desgastante do que ter que esperar o coletivo nos fins de semana. Percorrer vias urbanas que recebem grande fluxo de veículos em horários de pico leva à retenção em cruzamentos e semáforos.
Utilizar a bicicleta como meio de transporte, considerado um dos mais eficientes, diga-se, apesar de avanços, ainda esbarra na falta de infraestrutura para a ampla conexão e a segurança das ciclovias. Igualmente, as condições das calçadas são um desafio para seguir a pé.
Esses são alguns problemas enfrentados pelo morador de Foz do Iguaçu todos os dias no seu ir e vir. Estão ligados à mobilidade urbana, que carece de políticas governamentais para promover qualidade de vida e desenvolvimento.
O H2FOZ consultou leitores sobre a temática. Mais de 500 participantes responderam qual é o maior problema estrutural do trânsito em Foz do Iguaçu. As respostas foram da falta de sincronia dos semáforos à ineficiência do transporte coletivo, com o seguinte resultado:
- falta de sincronia nos semáforos: 28% (149 votos);
- estado de conservação do asfalto: 24% (124 votos);
- avenidas e ruas mal planejadas: 23% (120 votos);
- transporte coletivo ineficiente: 13% (70 votos); e
- calçadas irregulares ou falta delas: 12% (61 votos).
A expansão das áreas urbanas, sem o devido planejamento, aliada à insuficiente infraestrutura, resultam em obstáculos para o processo de movimentação de pessoas na cidade. Transporte coletivo de má qualidade e a custo alto estimula o transporte individual a motor.
Anota-se que o crescimento urbano excludente empurra as populações mais pobres para áreas distantes e periféricas de Foz do Iguaçu, a exemplo de recentes unidades habitacionais. O transporte fica mais dispendioso e requer maior estrutura e investimentos.
A mobilidade urbana deteriorada ou incongruente impõe maior tempo de deslocamentos e excesso de veículos, o que tem relação com alto número de sinistros que oneram o sistema de saúde. E tem impacto indelével no meio ambiente.
Assegura o Plano Diretor, instituído em julho de 2017, que mobilidade é o direito de todos os cidadãos iguaçuenses ao acesso a espaços públicos em geral. Esse transitar deve ser seguro, eficiente, socialmente inclusivo e ambientalmente sustentável.
Isso tudo seria garantido, diz a norma, com o Plano de Mobilidade Urbana. Com efeito, a prioridade deveria ser o transporte não motorizado sobre o motorizado, privilegiando pedestres, ciclistas, pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida, visando à acessibilidade universal.
Quando assegurada de modo eficiente, a mobilidade urbana leva a outra interação do morador com ambiente urbano, a uma experimentação humanizada. Esse direito à cidade é menos priorizado por gestores, na forma de investimentos e ações, mas enriquece o reportório da retórica para “inglês ver”.
Falta equidade na gestão do FozTrans, muito empenho na arrecadação e ingerência em questões como manutenção de semáforos, sinalização terrestre e aérea. Citando apenas alguns dos problemas. Engenharia de tráfego nota zero.
Parece estar descrevendo a minha cidade, Belo Horizonte. Aqui, ainda tem o agravante de o terreno ser todo irregular, com subidas e descidas sem fim.