
Tempo, pede o prefeito Joaquim Silva e Luna (PL), até elaborar, apresentar e efetivar um novo sistema que melhore o transporte coletivo para a população de Foz do Iguaçu. E que possa aliviar o caixa, mitigando a transferência de dinheiro público, o subsídio à empresa privada.
Enquanto esse tempo não chega, o mandatário estica, praticamente nas mesmas condições, a prestação do serviço atual. Silva e Luna, que prometera algo parecido com uma revolução na mobilidade urbana, concede sem concorrência mais dois anos à atual operadora, contrato de R$ 165,4 milhões.
Aos 94 ônibus que vão para a pista em horários de pico, a prefeitura somará quatro em março, e estuda a possibilidade de mais coletivos, sem dar números ou prazo. Fica abaixo mesmo da frota anterior a 2022, ano da caducidade, acompanhando cálculo da Justiça em um despacho ao setor.
Tempo, para o morador que precisa atravessar a cidade para ir e voltar do trabalho diariamente, significa cansaço, qualidade de vida comprometida. Há rotas que consomem cerca de duas horas, somadas espera e locomoção. Em alguns horários e linhas, são lotações no estrito significado do termo.
Tempo de espera em pontos de ônibus precários, que não abrigam e menos ainda protegem as pessoas das intempéries do tempo – sol, chuva, calor – é sinônimo de descaso. Que dizer de um terminal precário, escuro e perigoso à noite?
A gestão municipal argumenta que o estudo para a licitação recomendada pelo Tribunal de Contas, de longo prazo, já deveria ter sido feito. Mas só no fim da administração anterior, em dezembro de 2024, foi contratada a assessoria para tal finalidade, que tem 22 meses para conclusão.
Em março de 2022, o ex-prefeito Chico Brasileiro (PSD), que já atuara em etapa da contratação do antigo Consórcio Sorriso, nos idos de 2009, assinou termo de serviço chamado de “emergencial” ao custo de R$ 7,93 o quilômetro rodado. E prometia nova licitação.
Em fevereiro de 2023, Brasileiro batia o martelo em um procedimento que dava mais dois anos de operação à mesma empresa, em certame nacional de somente duas concorrentes. O preço do quilômetro rodado passava a R$ 9,65. Sem licitação de longo prazo nem de aumento significativo do número de ônibus.
Agora, a gestão dispõe de duas estruturas governamentais em transporte – o Foztrans e uma secretaria recém-criada – , mais a assessoria contratada. E terá de lidar com as demandas dos passageiros, enquanto um modelo mais eficiente não seja realidade. Silva e Luna, que pede tempo para o futuro operar, por ora, repete o passado.