Propaganda do PIB de cidade rica esconde reais problemas de Foz

Leia a opinião do portal sobre o Produto Interno Bruto (PIB) de Foz do Iguaçu.

Soma das riquezas, o Produto Interno Bruto (PIB) sinaliza se a economia está crescendo e, com isso, gerando empregos e oportunidades, fomentando e atraindo investimentos. Ainda que não seja um indicador único ou absoluto, é vital para a mensuração econômica, demonstrando de forma estimativa até a renda per capita, o quanto cada pessoa detém para viver.

Cidade de tantas atipicidades, também na economia Foz do Iguaçu apresenta um traço que a distingue, presente em algumas outras localidades com indústrias que fogem ao modelo “chão de fábrica”. O valor da produção da Itaipu Binacional leva a um PIBão ou a um PIBinho, conforme perspectiva da análise, ao considerar-se ou não a hidrelétrica na conta.

Uma corrente analítica afirma que o PIB de Foz do Iguaçu que contabiliza a Itaipu é irreal, inflado, e não reflete o quadro econômico da cidade nem a realidade social dos moradores, principalmente o cenário dos bairros e áreas periféricas. O PIB de fato, sustenta, é o que engloba a soma de produtos e serviços das cadeias produtivas, é a economia viva.

Por essa compreensão, o valor da produção da binacional só serviria para efeito contábil em relação ao local onde a usina está instalada, Foz do Iguaçu. “A cadeia produtiva para gerar energia é a água estocada por uma barragem. Portanto, não é geradora de outras atividades produtivas”, analisa o matemático Luiz Carlos Kossar, um dos que reivindicam a mensuração do “PIB real”.

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O analista vai às contas para dizer que o PIB de Foz do Iguaçu é a metade do valor, ao retirar-se a parcela da Itaipu; cidades-polo vizinhas não sentem esse efeito ao suprimir estatais do indicador. Para sustentar a artificialidade, ele cruza dados econômicos e sociais, como a taxa de matrícula no ensino básico, dos últimos 13 anos, em que a rede iguaçuense ficou parada, mas cresceu em Cascavel (25%), Medianeira (48%) e Toledo (25%).

Convém adicionar que o Ipardes, órgão oficial do Governo do Paraná, deixou Foz do Iguaçu fora da seleta lista de 29 municípios do estado que alcançaram o topo do Índice de Desempenho Municipal, levantamento que abrange período de dez anos. Esse ranking contrasta com o fato de a cidade fronteiriça figurar entre as de maior receita e população.

PIBão ou PIBinho não entoam um debate meramente de forma ou contábil, mas convocam à reflexão em torno do momento presente a perspectivas de futuro. O PIB de cidade rica, alardeado pelo prefeito Chico Brasileiro, não deveria comportar, exemplificando, a frágil infraestrutura e a precariedade dos serviços entregues à população.

Além do mais, no PIB oficial propagandeado pela prefeitura cabem as mais de cem mil pessoas que vivem em situação de pobreza em Foz do Iguaçu? A mesma indagação pode ser feita sobre as 23 mil famílias iguaçuenses que neste mês de fevereiro receberam R$ 680, em média, do programa federal Bolsa Família, muitas vezes o esteio do sustento do lar.

Com a eleição batendo à porta, para a escolha de prefeito e vereadores, os temas de ordem macro, da economia ao contexto social, devem ocupar o devido lugar de debate entre postulantes aos cargos eletivos e eleitores. O remendo no asfalto não pode sobrepujar pautas definidoras do presente e do futuro da cidade.

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