Prefeitura ignora 150 anos de Santos Dumont em descaso com a memória de Foz do Iguaçu

Leia a opinião do portal sobre o “esquecimento” em relação aos 150 anos de nascimento de Santos Dumont.

Ao visitar a fronteira, Santos Dumont foi homenageado com um baile no primeiro hotel de Foz do Iguaçu, em 26 de abril de 1916. No dia seguinte, o célebre visitante partiu a Curitiba manter audiência com o mandatário do estado com um só assunto em pauta: acesso e infraestrutura no entorno das Cataratas do Iguaçu.

Naquela época, chegar às quedas-d’água era uma aventura que durava mais de seis horas, feita por picada na mata, narra em livro Renato Rios Pruner, bisneto de Frederico Engel, dono do hotel e guia de Santos Dumont. Frederico fez parte da comitiva que foi para a Argentina convidar o inventor a conhecer o lado de cá do Rio Iguaçu.

Sem estradas, o homem que é um dos responsáveis por dar asas à humanidade fez a primeira parte da viagem para a capital a cavalo, pela linha de telégrafo. Seu esforço significou pautar o uso público da rica biodiversidade em torno das Cataratas do Iguaçu, área que era particular e foi desapropriada depois, convertida em parque.

Ao retornar da viagem pela fronteira até então inóspita, Santos Dumont deu mais uma contribuição ao fomentar uma das primeiras mídias espontâneas do destino. Contando ao jornal O Estado de São Paulo como foi o encontro com o governador, disse que os saltos da América do Sul eram muito superiores em beleza aos de Niágara, que fica no norte do continente.

O aviador passou a ser considerado um dos padrinhos do Parque Nacional do Iguaçu, Patrimônio Natural da Humanidade e fator de propulsão da economia iguaçuense com o turismo. Nas comemorações nacionais pelos 150 anos de nascimento, a passagem de Santos Dumont foi inteiramente ignorada pela Prefeitura de Foz do Iguaçu.

Recontar a presença do inventor na cidade significa descortinar uma teia de memórias, personagens e acontecimentos. É história. E o manejo dos fatos históricos é necessário para cimentar a passagem do tempo, relacionar e compreender épocas e, sobretudo, articular passado, presente e futuro.

O anonimato a que foi relegado pela gestão municipal o sesquicentenário demonstra o descaso da administração com a história de Foz do Iguaçu. Sequer existe um equipamento público, como casa de memória ou museu. Edificações que são patrimônio, dia após dia, seguem sendo depredadas sem qualquer ação protetiva.

A prefeitura perdeu a oportunidade de ligar pontos e dar visibilidade à marcha humana que edifica Foz do Iguaçu desde os tempos passados. São depoimentos, escritos, objetos, lugares, fotografias e documentos históricos que poderiam compor um projeto de memória à disposição da comunidade e de visitantes.

Recentemente, a gestão do ex-prefeito Reni Pereira desperdiçou a chance de transformar os 100 anos de Foz do Iguaçu em um grande programa de resgate e valorização da história, de cidadania e também de marketing. Chico Brasileiro repete a miopia similar com esquecimento dos 150 anos do “Pai da Aviação”.

Os presentes no Hotel Brasil para os festejos a Santos Dumont, em 1916, demonstraram generosidade maior do que os atuais ocupantes do poder municipal. O tempo, somente o tempo, é o elemento capaz de dar a cada um o devido lugar na história.

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4 Comentários
  1. Alisson horman da silva Diz

    Com certeza passou da hora de Foz do Iguaçu ter um museu sobre o tema…

  2. Luiz Diz

    A cultura em nosso país está se perdendo e caindo no vácuo político ganâncioso….

  3. Edward Diz

    Concordo….e não é só a nossa cultura, os políticos estão jogando no lixo a educação, a segurança, a ciência e a tecnologia, a arte e etc…..

  4. Carlos Francisco Diz

    Em relação a construção de um museu, o casarão da JK, onde era a antiga coletoria,(Antigo Colégio Mitre), foi doado ao município de Foz do Iguaçu, justamente com essa finalidade, ser transformado em um museu

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