Na semana em que as empresas retiraram os ônibus equipados com ar-condicionado e a greve de motoristas e cobradores se consolidou como a mais longa da categoria dos rodoviários de Foz do Iguaçu, a prefeitura fez ressurgir o Conselho Municipal de Trânsito e Transporte.
O conselho (assunto que inclusive foi pautado no Marco Zero, durante entrevista do superintendente do Foztrans, Licério Santos) recebeu 24 novas nomeações. A promessa é que ele voltará a funcionar, tendo ainda de eleger a sua diretoria.
O Conselho de Trânsito e Transporte, pela lei, tem papel fundamental porque é deliberativo e fiscalizador. Por exercer o controle social, pode ser a voz das demandas da população para melhorar, por exemplo, o transporte público, serviço muito precário em Foz do Iguaçu.
Não só precário. Com a redução dos ônibus determinada pelo Consórcio Sorriso, alegando queda de receita, é um serviço público que chega a ser desumano, considerando a pandemia que enfrentamos e o potencial de transmissão de coronavírus em lotações abarrotadas de pessoas e que demoram passar.
Mas aí volta-se aos problemas. Das 24 cadeiras do Conselho de Trânsito e Transporte, apenas três são ocupadas pela população, enquanto 13 delas ficam com representantes da administração pública, e oito, com operadores de serviços do setor.
A composição do conselho, majoritariamente governamental, foi definida em lei de 2009 e piorada com uma alteração na legislação recentemente, em 2018.
É de perguntar-se: como esses três representantes da população poderão fazer frente à inércia do poder público em resolver os problemas do transporte coletivo e enfrentar interesses comerciais ou corporativos em benefício da coletividade?
De promessas em campanhas eleitorais e juras de intervenção a população está cansada. O direito do iguaçuense ao transporte coletivo, pilar da mobilidade urbana, vem sendo desrespeitado há muitos anos.
Ao usuário, até agora, só tem sobrado a conta de uma tarifa cara, um serviço da pior qualidade e as mãos atadas ante a desfaçatez das empresas autorizadas a explorar essa concessão pública.
E por mais que se olhe para frente, não há sinais melhora no transporte público iguaçuense.
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