A batida do martelo na Bolsa de Valores definirá o valor do pedágio a ser efetivamente cobrado dos usuários de 3,3 mil quilômetros de rodovias estaduais e federais do Paraná. O leilão do primeiro lote está programado para o próximo dia 25 de agosto, com previsão de assinatura dos contratos de concessão neste ano.
Está sendo ofertado à iniciativa privada, empresas ou consórcios, o primeiro trecho do agora batizado Sistema Rodoviário do Estado do Paraná – antes, Anel da Integração –, que é uma ramificação de estradas entre a Ponte Internacional da Amizade, na fronteira, e o Porto de Paranaguá e a região metropolitana de Curitiba. Os demais lotes irão a leilão em seguida.
O período de concessão será de pelo menos 30 anos. Os governos estadual e federal prometem tarifas baixas e garantia de execução de obras. Foi o que motoristas e transportadores profissionais não tiveram durante os longos 24 anos do “velho” pedágio, extinto em 2021 devido a forças que somente a agenda eleitoral é capaz de exercer.
O emaranhado de números e de explicações técnicas, trazido a público com o edital da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), promove expectativas e soterra ilusões. A tarifa de pedágio abaixo de R$ 5, prometida em palanque eleitoral presidencial, não será realidade nas próximas três décadas.
Também não acertou quem esperava preços nas cancelas das rodovias paranaenses similares aos do estado vizinho de Santa Catarina, geralmente citado como modelo que alia conservação das vias e preço mais justo. A ANTT, por sua vez, traz um exemplo para afirmar que o “projeto apresenta desconto em todas as praças” comparado à tarifa de 2021.
No Porto Amazonas, expõe, o valor praticado é de R$ 14,96 para carro de passeio. Com o desconto, deverá cair para R$ 10,60, cerca de 29% a menos. Porém, sendo um sistema rodoviário, isto é, de rodovias interligadas entre regiões, no qual está prevista a instalação de 15 novas praças de pedágio, é desaconselhável qualquer avaliação a partir de cenários individuais.
O edital exige aporte financeiro para empresas que apresentarem descontos considerados muito altos, a partir de 18%, o que pode ser um limitador à redução do preço. Já descontos de até 17% ficarão desobrigados dessa destinação, considerada uma “poupança” garantidora de obras e valores. E mais: as pistas a serem duplicadas, com o dinheiro arrecadado nas catracas, terão o preço de pedágio 40% superior em relação aos percursos de via simples.
Foz do Iguaçu fica no Oeste, ao extremo do Porto de Paranaguá. O transporte da produção da região precisará cortar o estado por vias pedagiadas até entregá-la à exportação. O mesmo ocorrerá com os produtores do Paraguai que adotam essa rota. A distância também é grande para trazer mercadorias, as que estão nas prateleiras dos supermercados, dos grandes centros do Sudeste ou mesmo da capital do estado.
É preciso mencionar, ainda, o elevado número de visitantes que acessam o turismo iguaçuense e das Três Fronteiras pelo modal rodoviário. São famílias que viajam de carro para apreciar as belezas, os atrativos, a gastronomia e as compras na fronteira da Argentina, Brasil e Paraguai, e que serão impactadas com o novo pedágio. E por longínquos 30 anos.
Comentários estão fechados.