‘Novo’ transporte coletivo em Foz completa um mês, mas velhos problemas permanecem

Reclamações são de superlotação, atrasos, condições dos ônibus e número insuficiente de lotações nas linhas.

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Reclamações são de superlotação, atrasos, condições dos ônibus e número insuficiente de lotações nas linhas.

Se algo pode dar errado, dará. A tão citada Lei de Murphy parece ser o resumo deste primeiro mês de operação do serviço que a prefeitura nominou de “novo transporte coletivo” de Foz do Iguaçu, ao contratar, seguindo forma e critérios emergenciais, a Santa Clara. Nesta quarta-feira, 13, completa-se um mês de operação da empresa, que aportou no município em março.

Os sempre alegados problemas de transição permanecem e parecem avolumar-se dia após dia. Superlotação, atrasos, ônibus velhos, número insuficiente de lotações nas linhas e itinerários inadequados são problemas que o passageiro segue enfrentando ao utilizar esse serviço público, que é essencial em uma cidade.

Após receber denúncias sobre as condições dos ônibus, o H2FOZ saiu às ruas para verificar a idade dos coletivos. Ao examinar um a um, a reportagem conseguiu contabilizar 71 veículos, dos quais 19 (26,7% do total mapeado) possuem 11 e 12 anos de fabricação. Isso contraria o contrato instituído pela prefeitura com a nova operadora.

A idade da frota e as condições dos veículos são apenas um ponto. Durante a apuração, a equipe do H2FOZ recebeu diversos relatos de pessoas que estão gastando R$ 16,40 – quatro passagens – ao dia para ir e voltar do trabalho, porque não conseguem fazer a integração pagando a tarifa com dinheiro. Sofre mais quem ganha a vida em atividades informais.

Os atrasos devido à superlotação e ausência de cobradores – o motorista dirige e recebe a passagem – afetam a condição profissional dos usuários, que chegam depois do horário ao trabalho com frequência. Também contribuem para isso as longas voltas que coletivos precisam fazer, como os que operam em bairros mais distantes e populosos.

A prefeitura teve quase quatro meses para elaborar um processo licitatório que assegurasse, efetivamente, um novo transporte coletivo, contando o período entre a decisão de romper o contrato anterior e selecionar nova prestadora do serviço, de dezembro de 2021 a março deste ano. Como se chegou à atual empresa?

A prefeitura lançou pesquisa ao mercado com os valores que pretendia pagar pelo serviço e critérios para a frota, como a obrigatoriedade de todos os veículos possuírem ar-condicionado e idade mínima dos ônibus. A gestão afirma que enviou convite para 60 firmas de todo o país, mas só duas apresentaram propostas – uma delas, a Santa Clara.

O município relaxou os critérios na contratação, notadamente em relação ao ar-condicionado e à idade dos veículos. A indagação que se faz é: isso comprometeu a ampla concorrência, já que empresas podem ter deixado de participar da seleção devido a critérios tornados públicos e suavizados na contratação? A pergunta foi feita à gestão, sem resposta.

Se havia o que dar errado, como em Murphy, isso ocorreu (ao menos até aqui), e quem segue pagando a conta é o iguaçuense que depende de ônibus. Olhando para frente, nota-se uma mudança na narrativa por parte dos gestores públicos sobre o serviço. Agora já não se fala tanto em “novo transporte coletivo”, mas em tentar acertar na próxima licitação, ou seja, daqui a quase um ano.

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