Melhorar a saúde deverá ser obstinação do novo prefeito de Foz do Iguaçu

Demora no atendimento é sinônimo de sofrimento e risco de morte nesse serviço essencial para a população. Leia a opinião do H2FOZ.


Há oito anos, o Ministério Público Federal pedia a intervenção do Governo do Paraná no Hospital Municipal Padre Germano Lauck (HMPGL), devido a graves irregularidades na gestão financeira e operacional feita pela prefeitura. A medida se deu após a Operação Pecúlio varrer uma organização criminosa que sangrava o dinheiro da saúde, no governo do ex-prefeito Reni Pereira, que perdera o cargo.

“A intervenção revela a grave omissão do município no cumprimento de sua obrigação constitucional e legal de redução do risco de doenças e da prestação de serviços para sua promoção, proteção e recuperação”, embasou o pedido, na época, a procuradora da República Daniela Caselani Sitta. Em novembro de 2016, a Secretaria de Estado da Saúde assumiu a gestão, saneada e devolvida ao município meses depois.

Não foi o fim dos problemas. De lá para cá, contam-se inúmeras recomendações e ações civis do Ministério Público do Paraná instando a gestão municipal a resolver problemas na assistência ao morador, no hospital e na rede intermediária de atendimento. Entre elas, em dezembro do ano passado, o promotor Luís Marcelo Mafra cobrou o prefeito Chico Brasileiro (PSD) por medidas para “impedir o colapso” em unidades de pronto atendimento (UPAs).

A recomendação administrativa foi a partir de carta assinada por 55 médicos, que relataram “falta de estrutura necessária, sobrecarga de atendimentos e dimensionamento de equipe médica em quantidade insuficiente para prestação de serviços junto à Unidade de Pronto Atendimento João Samek”, citou o promotor. Há poucos meses, nova manifestação do MPPR, visando a restabelecer, pelo município, pagamento de R$ 3,1 milhões à fornecedora de refeição ao HMPGL.

Quiçá o iguaçuense possa sonhar, algum dia, com uma realidade em que saúde não se restrinja a tratamento, mas também seja ausência de doença, bem-estar social e qualidade de vida.

A empresa advertia que poderia cortar o serviço, gerando suspensão da comida servida a pacientes e profissionais da saúde, o que resultaria em fechamento do hospital. E há a dívida milionária que envolve o equipamento de saúde, que será empurrada ao próximo gestor, de valor desconhecido – a prefeitura admite ser acima de R$ 70 milhões, mas a promotoria já a quantificou em mais de R$ 100 milhões.

São exemplos para chegar ao principal: a população clama por melhorias na saúde pública, o que deverá ser uma obstinação do novo prefeito de Foz do Iguaçu. O que já foi chamado de “fila da dor” deixa na espera por meses e anos pacientes que necessitam de exames, consultas e procedimentos especializados. Pessoas de todas as idades permanecem dias nas UPAs aguardando uma vaga no Hospital Municipal. Na saúde, sabe-se, demora é sinônimo de sofrimento e risco à vida.

“Falar em prioridade na saúde em Foz do Iguaçu é uma ilusão”, desabafou ao H2FOZ uma pessoa idosa de 74 anos, que sente os efeitos da gestão ineficaz ao amargar filas demoradas que subvertem seu direito previsto em lei de atendimento prioritário. Em enquete, 51% dos leitores que participaram da escuta promovida pelo portal de notícias disseram que a saúde é o principal desafio a ser enfrentado pelo próximo gestor da cidade.

O administrador que assumir o assento principal do Palácio das Cataratas em 1.º de janeiro terá de começar pelo “feijão com arroz”, ofertando médicos, reduzindo filas e abrindo vagas nos espaços de atendimento, de UPAs ao Hospital Municipal. Quiçá o iguaçuense possa sonhar, algum dia, com uma realidade em que saúde não se restrinja a tratamento, mas também seja ausência de doença, bem-estar social e qualidade de vida.

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