
Presidentes dos Congressos Nacionais do Brasil e do Paraguai, Davi Alcolumbre e Basilio Núñez se reuniram em um espaço dos mais simbólicos para a integração: o território binacional da Itaipu. O encontro reverberou o espírito de integração que historicamente marca os dois países, mas que foi sacudido recentemente.
As autoridades de Assunção reagiram, não sem razão, à denúncia de que teriam sido espionadas pela arapongagem brasileira. O monitoramento ilegal, conforme sustentou o Itamaraty, deu-se no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, em 2022, e foi encerrado pela gestão de Lula, quando se teve ciência.
O encontro de Alcolumbre e Núñez é um sinal do interesse para desinflamar a ferida. Além da parceria em múltiplas dimensões e dos laços que unem Brasil e Paraguai, a agenda da hora é a revisão do Anexo C do Tratado de Itaipu, prevista nos acordos de 50 anos atrás que deram na construção da usina e que será submetida às casas legislativas.
Os senadores foram recebidos pelos diretores-gerais da empresa, Enio Verri e Justo Zacarías Irún. A Itaipu, da margem paraguaia, fez saber que a agenda incluiu a pauta do Anexo C. E coube a Núñez estabelecer que Paraguai e Brasil, como repúblicas irmãs, devem mirar as coincidências, não nutrir diferenças.
“Daí também a importância da revisão do Anexo C, uma vez que as Altas Partes definam um acordo que seja o mais equitativo e justo possível para ambas as nações”, disse. “Isso depois deve ser encaminhado ao Parlamento para revisão e aprovação”, complementou o presidente do Senado do Paraguai.
Anexo C é o documento que estabelece as bases financeiras para o funcionamento da Itaipu, submetido à revisão após o pagamento de 100% da dívida de construção da usina, o que ocorreu em 2023. A não conclusão desse capítulo do tratado não afeta as operações, projetos e dividendos, conforme a direção da binacional.
Reportagens do H2FOZ esmiúçam que, ao Paraguai, interessa ampliar os benefícios obtidos pelo país com a venda da energia excedente ao país que é seu sócio. Já para o governo brasileiro, a prioridade são tarifas de energia menores. Assim, equilíbrio e respeito à amizade histórica são a chave para o acordo e pelo menos mais 50 anos de relações cordiais.