Hospital Municipal agoniza: memória de má gestão da Santa Casa volta a assombrar

O rombo acumulado pelo Hospital Municipal – de R$ 135 milhões em 31 de dezembro de 2021 – subiu para R$ 143 milhões em apenas três meses, em 31 de março deste ano. Isso é o que contabiliza o Ministério Público.

Em março deste ano, ameaça de greve dos funcionários, problemas no atendimento à população e crescente endividamento do Hospital Municipal Padre Germano Lauck levaram o Ministério Público do Paraná (MPPR) a pedir a intervenção no estabelecimento. A medida foi suspensa com o compromisso da direção de pôr a gestão hospitalar no prumo.

Três meses depois, agora em junho, a promotoria retomou a recomendação por considerar que nada foi feito para reverter a crise. Os problemas se agravaram mesmo tendo sido praticamente desativada a infraestrutura para combater a covid-19, ou seja, houve alívio na demanda por serviços prestados ao usuário do Sistema Único de Saúde (SUS).

Ambiente de assepsia inadequado, com mosca rondando a sala cirúrgica; falta de planejamento que levou à contratação de exames mais caros; suspensão de contrato que comprometeu o serviço de ortopedia; e cancelamento de cirurgias por – pasme! – falta de fio para sutura. Esses são alguns dos problemas recentes no hospital elencados pela promotoria.

Informações do MP, reportadas pela presidência do Conselho Fiscal da Fundação Municipal de Saúde, estrutura que gerencia o Municipal, sustentam ter havido um déficit de R$ 7,8 milhões somente nos três primeiros meses de 2022. Portanto, a unidade de saúde operou no vermelho em R$ 2,6 milhões todo o mês.

Com efeito, o rombo acumulado pelo Hospital Municipal – de R$ 135 milhões em 31 de dezembro de 2021 – subiu para R$ 143 milhões em apenas três meses, em 31 de março deste ano. Isso é o que contabiliza o Ministério Público. Para ilustrar, a antiga e quase centenária Santa Casa tinha uma dívida estimada em R$ 20 milhões quando fechou, em maio de 2006.

Diferentemente da postura adotada no primeiro pedido de intervenção no Hospital Municipal, quando disse nada ter a ver com indicações para a administração da unidade de saúde irrigada com recursos da população, desta vez o prefeito Chico Brasileiro (PSD) mobilizou seus subordinados. Foi feita a substituição interina na direção do hospital.

Nessa dança das cadeiras, importa enfocar que o Municipal passa por uma grave crise de gestão. E Chico Brasileiro não retira a tampa do ralo para discutir amplamente o problema com a sociedade. Quando o assunto é saúde, o prefeito parece abrir-se apenas a quem é do círculo íntimo, a exemplo das nomeações que fez em sua administração para a Secretaria de Saúde até agora: a ex-aliada Inês Weisseman, Nilton Bobato e a esposa, Rosa Jeronymo.

Mudar na superfície para continuar tudo como antes é expediente surrado na administração pública. Espera-se que o plano não seja empurrar com a barriga a crise do Hospital Municipal, objetivando entregar as chaves para outra instância governamental no pós-eleição. O triste fim da Santa Casa deve ser exemplo do que não deve ser feito, e não o caminho para uma nova morte anunciada.

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1 comentário
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