Campanha de 21 dias de ativismo faz um chamado à sociedade pelo fim violência contra as mulheres. São ações de conscientização, cobrança de políticas públicas, divulgação dos serviços de proteção e de encorajamento para que agressões e agressores sejam denunciados.
A agenda que ocorre todos os anos começa no Dia da Consciência Negra, para frisar o contexto de maior vulnerabilidade da mulher negra brasileira. O término da mobilização coincide com a data da proclamação da Declaração Universal dos Direitos Humanos.
Não é demais lembrar que a violência de gênero não se restringe à agressão física. Envolve toda a prática que traga dano físico, psicológico, sexual e patrimonial, o que inclui a frequente violência moral, como xingamentos, e as perseguições, tipificadas como stalking.
Na campanha 21 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra as Mulheres, muitas indagações podem ser feitas. Os recursos e ações do poder público são suficientes? Investimentos em saúde da mulher são adequados? Por que ainda não foi efetivado o programa para a entrega de absorventes a quatro milhões de mulheres e meninas pobres?
Neste ano, a campanha é simultânea à realização da Copa do Mundo do Catar, país que mantém graves desigualdades de gênero e negação de direitos universalmente instituídos. Por aqui, o país do futebol ainda não conseguiu vencer o jogo contra a violência às mulheres.
Metade da população conhece pessoalmente alguma mulher que sofre ou já sofreu agressão pelo atual ou ex-companheiro, mostra pesquisa da IPEC (Inteligência em Pesquisa e Consultoria Estratégica). Porém, apenas 6% dos homens admitem que cometeram o crime. A conta não fecha.
O levantamento ainda detectou que 90% dos entrevistados acreditam que, se houvesse apoio do Estado, as mulheres se sentiriam mais seguras para denunciar e sair da relação violenta. E que 85% dos homens que praticam violência doméstica sabem que isso é crime, mas acreditam que não serão punidos.
É por isso que, em 6 de dezembro, o dia do laço branco marca o engajamento dos homens pelo fim da violência contra as mulheres. A convocação é para que o sexo masculino deixe de cometer ato violento contra o sexo feminino e não feche os olhos frente a esse tipo de situação.
A violência contra as mulheres só será eliminada quando os homens se reconhecerem como agentes nesse enfrentamento. É preciso que homens, individualmente e coletivamente, atuem para “alterar seus comportamentos violentos e descontruir conceitos que implicam desigualdade entre os gêneros”, enfatiza o CRAM(*) em Foz do Iguaçu.
*O Centro de Referência de Atendimento à Mulher em Situação de Violência em Foz do Iguaçu (CRAM) monitora e acompanha as ações da rede de proteção. Orienta sobre o acesso aos serviços a mulheres em situação de violência – física, sexual, patrimonial, moral, psicológica e virtual. O telefone gratuito é 0800 643 8111.
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