Foz e as oportunidades da formação em Medicina na fronteira

Leia a posição do portal sobre as oportunidades criadas a partir dos cursos de Medicina no Paraguai.

No bojo do exame de validação de diplomas no Brasil, o Instituto de Desenvolvimento Econômico e Social de Fronteiras (IDESF) faz notar, em conteúdo veiculado pelo H2FOZ, o grande número de médicos formados em universidades no Paraguai. São pelo menos 16 instituições de ensino a ofertar essa graduação, contabiliza o instituto.

E cerca de 90% delas ficam em Pedro Juan Caballero, na fronteira com Ponta Porã, no Mato Grosso do Sul, e na vizinha Ciudad del Este. Ainda que faltem dados oficiais, estima-se que mais de 40 mil brasileiros estudem Medicina no Paraguai, reproduz o IDESF, com base na projeção feita por veículos de imprensa e serviço migratório do outro lado do Rio Paraná.

Quem é de Foz do Iguaçu não precisa de muito esforço para lembrar-se de estudantes que moram aqui e cursam Medicina nas faculdades paraguaias. Alguns trouxeram famílias, e há os casais em que um cônjuge trabalha para o outro estudar. Contam-se muitos brasileiros que residem em Ciudad del Este e vivenciam as possibilidades do município iguaçuense.

Isso já deveria bastar para se reclamar efetiva ação governamental para melhor acolher essa população, identificando e respondendo a demandas. O que se quer é mais do que proporcionar uma boa estada durante a graduação – o que já seria de grande valia –, mas estabelecer pontes e partilhas em uma área estratégica, a saúde, e, quiçá, reter médicos.

O Instituto de Fronteiras reivindica dos atores políticos dos dois países uma abordagem nova sobre essa realidade, baseada no diálogo, cooperação e intercâmbio de conhecimentos. Os ganhos? A criação de hospitais e o aperfeiçoamento dos serviços em saúde, o que envolve o próprio atendimento a esse grande contingente de acadêmicos, enumera.

Ao pedir que o poder público dedique atenção adequada ao quadro, o IDESF também problematiza o desafio ao processo de formação e validação dos diplomas dos médicos do Paraguai, a partir da análise da pesquisadora Camila Escudero, da plataforma Brasileiros no Exterior. Ela minucia ausência e falhas.

É necessário, diz a estudiosa, construir políticas públicas específicas e retirar essas pessoas da invisibilidade. Sua crítica ainda abarca o sistema educacional binacional para Medicina, em que no Brasil o acesso é dificultado pelas caras mensalidades e pelo árduo ingresso. No Paraguai, os problemas incluem as dificuldades da formação e a barreira para o exercício da profissão em outros países.

Esse fenômeno na região estabelece fluxos humanos, culturais, sociais, econômicos, acadêmicos e profissionais que pontilham uma razoavelmente pequena geografia, na qual Foz do Iguaçu está centralmente inserida. É absolutamente inconcebível como o poder público permanece de costas para a realidade da formação de Medicina na fronteira e para as suas oportunidades.

Vc lê o H2 diariamente? Assine o portal e ajude a fortalecer o jornalismo!
LEIA TAMBÉM
1 comentário
  1. Marlucia Diz

    Um absurdo a passividade do governo brasileiro sobre esta questão. Ele deveria abrir os olhos para essa problemática que a dificuldade dos brasileiros em cursar medicina em seu próprio país. O governo deveria desenvolver políticas públicas para viabilizar cursos mais acessíveis à grande maioria da população , como o aumento de vagas nas faculdades públicas e a intervenção nas faculdades privadas q cobram preços abusivos por uma formação precária ,sem qualidade, onde o único requisito para frequentar é poder pagar caro! Isso faz com que a maioria, principalmente os da classe média que não tem acesso às políticas de cotas nas faculdades públicas e nem podem pagar mensalidades exorbitante nas particulares, tenham que migrar para as faculdades da Argentina/ Paraguai, se submetendo à humilhações, discriminações, medo de não conseguir validar o diploma no seu país, distância de seus familiares e outras situações que deviam ser vista pelo poder público brasileiro!

Comentários estão fechados.