Conteúdos exclusivos, entre reportagens e artigos de colunistas do H2FOZ, adentram e aprofundam o debate sobre meio ambiente, cidades e eventos extremos, no momento em que a população do Rio Grande do Sul enfrenta uma calamidade provocada por tempestades, chuvas intensas e enchentes. E Foz do Iguaçu não é uma bolha, pelo contrário, é parte dessa entidade una, pessoas e natureza, que todos chamam de Terra.
Em texto de opinião, o sociólogo e professor universitário José Afonso de Oliveira lembra que, apesar de arborizada e de possuir remanescentes da Mata Atlântica, Foz do Iguaçu é confrontada com desafios em sustentabilidade, dos investimentos urbanos à educação ambiental. A articulista Aida Franco de Lima conclama o debate profundo em torno de pautas como mudanças climáticas na eleição para prefeito deste ano.
Reportagem de Denise Paro reproduz o que afirma o biólogo Emílio Garcia quanto à relação entre mudança climática, efeito estufa, aumento da intensidade do calor e enchentes. “Os eventos [climáticos] estão ficando tão frequentes e com tanta intensidade que deixou de ser feita a pergunta sobre se vai acontecer para ser feita a pergunta quando vai acontecer”, adverte o divulgador científico.
Cuidar do lugar em que se vive parece ser tarefa óbvia, compromisso ético individual e coletivo. Pois não é. Habitar, produzir e consumir, tudo isso vem provocando impacto ambiental vertiginoso – que, medido pela chamada “pegada ecológica”, conforme pesquisadores, mantidos os padrões dos últimos anos, serão necessários três planetas para atender à demanda da humanidade, isso em 2030.
Se não divide de forma equilibrada o bônus da produção de riquezas, o atual modelo de sociedade é solidário ao repartir o ônus dos efeitos do homem sobre a natureza. Todos pagam a conta, de uma forma ou outra, da perda de qualidade de vida aos desastres, sendo sabido que a fatura mais alta encontra a fatia vulnerável da população.
É por isso a validade do debate público sobre o tema, no período de eleições e fora dele, e a emergência por programas de conscientização capilarizados entre todos os setores da sociedade. Não é possível ignorar, vide exemplos cada vez mais numerosos, que não cuidar do meio ambiente barra ou retrocede o desenvolvimento econômico e social.
E Foz do Iguaçu? Uma breve conferência mostra que a cidade é a dos grandes projetos e planos ambientais que não saem do papel. Exemplo é o parque linear do Rio M’Boicy, para a recuperação natural e a reurbanização, que chegou a ter anteprojeto. Outro fracasso da atual administração municipal foi o Reinventando Foz, lançado e alimentado, que previa salvar rios e dar moradia digna a 500 famílias. O plano de arborização urbana empaca, e a efetivação de unidades de conservação ainda é uma promessa. A lista segue.
Calor extremo em Foz do Iguaçu, alagamentos, cheias ou secas dos principais rios, Iguaçu e Paraná, são sinais de que o poder público tem a obrigação de fortalecer e acolher pesquisas e apontamentos de órgãos e instituições dedicados a pesquisar e a desenvolver políticas, programas e ações para o meio ambiente, como universidades, conselhos e coletivos. Nesse rol de agentes governamentais que devem ouvir, acolher e efetivar as medidas estão incluídos prefeito, secretários municipais e vereadores, assim como entes estaduais e federais que atuam em Foz do Iguaçu.
É preciso realizar Educação Ambiental junto aos gestores. Eles ainda estão com a ideia de que os recursos naturais são infinitos. É preciso escutar os cientistas!