
Fim de 1985, há 40 anos. José Richa, então governador do Paraná, no palanque com agentes políticos municipais, estaduais e federais, inaugura o trecho da duplicação da via que leva ao Parque Nacional do Iguaçu. A extensão da obra: da Vila Yolanda ao trevo da Argentina. Os presidentes José Sarney e Raúl Alfonsín abriam a Ponte Tancredo Neves para a passagem.
Quatro décadas, pelo menos, portanto, são possíveis de serem computadas como o marco temporal em que Foz do Iguaçu demanda a duplicação da Rodovia das Cataratas, um dos principais corredores turísticos da região trinacional. Nos últimos 25 anos, o investimento foi prometido. Em 29 de setembro de 2022, a obra começou a sair do papel.
A dúvida que paira agora, como um sussurro de fantasmas costumeiros que assombram a cidade quando o assunto são os grandes empreendimentos públicos, é quando e em que condições a obra será concluída. A construtora responsável, a Dalba, peticiona recuperação judicial, sob alegada crise econômica.
O Departamento de Estradas de Rodagem (DER/PR), órgão do Governo do Estado, garante que não haverá paralisação, sem dar detalhes de como pode sustentar essa afirmação, diante do recorrido da Dalba à Justiça. De certo é que a empreiteira já conduzia os serviços de duplicação em ritmo lento, “devagar quase parando”, no bom português.
Diferentemente de outras intervenções, por trechos, a construtora praticamente converteu os 8,7 quilômetros da Rodovia das Cataratas, entre o trevo da Argentina e o parque, em área de serviços. Impacta, pois, há mais de dois anos, os deslocamentos de moradores e de trabalhadores de hotéis, dos atrativos e do aeroporto. Sinalização e iluminação insuficientes, o que torna a via perigosa, também estão na lista de reclamações.
As obras que não terminam dificultam a vida de turistas. No fim do ano, filas de quase dez quilômetros para se chegar ao parque que abriga as internacionais Cataratas do Iguaçu. No último feriadão, de recorde de visitantes em Foz do Iguaçu, engarrafamento com demora de até duas horas para alcançar o atrativo, o principal das Três Fronteiras e do Paraná.
Fauna de políticos costuma pegar carona em feitos que não são seus. Deputado estadual de fora recebeu outorga municipal para ser o representante da cidade na Assembleia Legislativa. Líder do governador Ratinho Junior é presença frequente na fronteira. Parlamentares estaduais e federais exibem o título eleitoral de Foz do Iguaçu. É de se perguntar o que estão fazendo para garantir ritmo e conclusão da Rodovia das Cataratas em Foz do Iguaçu.
Agora pergunto, é muita incompetência ou muita competência? Seria incompetência da empresa ou muita competência em falcatruas? Eu respondo muita competência depois da troca de diretores da Itaipu.