Filas na fronteira com a Argentina e o turismo em Foz do Iguaçu

Leia a opinião do portal sobre as demoradas filas que vêm formando-se na aduana brasileira da Ponte Tancredo Neves.

Mês a mês, Foz do Iguaçu caminha para retomar e superar a movimentação turística pré-pandemia. O feriado prolongado de outubro, como já havia acontecido em setembro, superou a expectativa de visitantes no Parque Nacional do Iguaçu, até aqui o principal termômetro usado para aferir esse fluxo.

A folga esticada de outubro assinalou o maior movimento em feriados prolongados desde a incidência da emergência sanitária mundial. Outro fator é a volta dos turistas internacionais. E para o feriadão do início de novembro, algumas categorias de hotéis já superam 80% de ocupação, sugerindo mais um período de casa cheia.

O cenário é promissor, com a perspectiva de que a atividade contribua para a geração de renda e empregos. Tudo do que Foz do Iguaçu não precisa neste momento, portanto, é ter os seus ícones e referências, que atraem visitantes do Brasil e do mundo, competindo com imagens negativas que possam apresentar efeito desabonador entre os turistas.

A preocupação do momento se deve às demoradas filas que vêm formando-se na aduana brasileira da Ponte Tancredo Neves, que dá acesso à Argentina, na região trinacional. O motivo é a padronização de procedimentos de fiscalização e migração, medida implantada na última semana.

Com efeito, viajantes que precisam registrar entrada ou saída do país devem apresentar os documentos presencialmente à autoridade migratória do Brasil, o que não é – ou não deveria ser – nenhum problema. Mas, por ora, não há pessoal e estrutura adequados para a operação desse serviço.

A espera para o acesso aos guichês de imigração da Polícia Federal chegou a até duas horas, conforme a demanda, relataram viajantes, e incluiu filas em área descoberta. A informação insuficiente sobre quem deve submeter-se ao novo procedimento, dada a dinâmica da fronteira, é reclamação até mesmo de profissionais da área, como guias e operadores turísticos.

A Polícia Federal afirma que o controle migratório é uma das premissas para a soberania de um país, mas reconhece a necessidade de que o processo deve ser “eficiente e de qualidade, que atenda o turista de forma que sua experiência seja positiva”. É o que se espera, sem tempo a perder, pois as condições do serviço, no momento, não garantem tal efetividade.

Padrões de fiscalização de controle precisam ser compatíveis com as dinâmicas da territorialidade, devendo afastar, portanto, visões estadocêntricas impositivas ou paranoias de segurança. No radar da região, a pauta posta era atenuar as exigências para o acesso fronteiriço à argentina Puerto Iguazú, não medida de reciprocidade em Foz do Iguaçu.

A região trinacional da Argentina, Brasil e Paraguai forma a área de fronteira mais importante da América do Sul. Pelas construções sociais, culturais e econômicas próprias, acrescidas da experiência de três décadas do Mercado Comum do Sul (Mercosul), não se deve aceitar nada a menos do que avanços nos processo de integração e aproximação.

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1 comentário
  1. Doni vitor Diz

    Da a impressão que esses argentinos são os baianos da america do sul. O povo que pensa que os outros não precisam de pressa.

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