Eleição do Paraguai entra na reta decisiva sob o olhar dos vizinhos

Leia a opinião do H2FOZ sobre as eleições no Paraguai.

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Em turno único e por maioria simples, o Paraguai irá eleger o novo presidente da República no próximo dia 30 de abril. Na reta final da campanha, nas três últimas e decisivas semanas, pesquisa da AtlasIntel mostra polarização entre os candidatos da frente de centro-esquerda, a Concertación, e o tradicional Partido Colorado.

O H2FOZ trouxe reportagem exclusiva sobre os números. Com 38%, o líder da oposição, Efraín Alegre (PLRA), tem ligeira vantagem sobre o coloradismo representado por Santiago Peña, que aparece com 36% das preferências na pesquisa. O cenário é de empate técnico, na linha da margem de erro, com baixo número de indecisos.

Dado relevante capturado pela AtlasIntel aponta que a maioria dos paraguaios (54%) diz preferir alguém da oposição ou do conglomerado Concertación no comando político e administrativo do país nos próximos quatro anos. Já 35% dos entrevistados afirmam querer a continuidade do Partido Colorado.

O retrato da consulta sugere que as forças políticas de oposição ao partido do ex-ditador Alfredo Stroessner (1912-2006) têm a real possibilidade de retornar ao poder, após a única experiência, em longos anos, vivenciada por Fernando Lugo. O ex-presidente foi apeado do palácio de López em 2012, em ato que foi denunciado como golpe parlamentar.

O Partido Colorado embala chances de manter o poder com Peña. Caso ele alcance o primeiro lugar, será a vitória do empresário Horacio Cartes, que governou o Paraguai de 2013 a 2018 e, neste ano, derrubou a indicação do candidato do atual presidente Mario Abdo na corrida. O bilionário Cartes foi incluído em lista de corruptos dos Estados Unidos.

Embora assegure neutralidade, em respeito à soberania do país vizinho, o governo brasileiro acompanha atentamente as eleições no Paraguai. Há muito em jogo no tabuleiro geopolítico da região, além da relação fronteiriça de povos irmãos e da parceria comercial no Mercado Comum do Sul (Mercosul).

Passado o pleito, a agenda política comum às duas margens do Rio Paraná concentrará na ordem do dia a revisão do Anexo C do tratado da Itaipu Binacional, empreendimento em que Brasil e Paraguai são sócios com cotas de 50% cada. As negociações ocorrem em um contexto em que a dívida financeira da construção da usina foi quitada.

Essa pactuação irá determinar, por exemplo, se a energia excedente do Paraguai seguirá sendo vendida para o Brasil e quais serão os investimentos em grandes projetos nos dois países a serem priorizados. Da atualização do acordo serão determinadas as condições de pagamento dos royalties de Itaipu, pauta que interessa diretamente a Foz do Iguaçu.

Disse o escritor Augusto Roa Bastos que seu país é “uma ilha rodeada de terra”. No atual momento histórico, essa ínsula sugerida pela literatura monopoliza a atenção da política, seja dos vizinhos de cercanias ou dos olhares que vêm de longe, do Norte das Américas. Caberá ao eleitor decidir o lugar do Paraguai nesse centro de atenções.

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1 comentário
  1. Leandro Costa Rosa Diz

    Com todo respeito, não tem nada de editorial neste texto. São informações de uma matéria normal .

Comentários estão fechados.