Ao terceirizar a responsabilidade do diálogo político e institucional a auxiliares, o prefeito Chico Brasileiro (PSD) coleciona duas patacoadas em curto tempo. Reunião na Câmara de Vereadores para evitar a CPI do Transporte Coletivo, no meio de setembro, foi a primeira. A comissão investigativa saiu dias depois. Outra foi levar frequentadores da antessala do gabinete para, sem proposta, conter a paralisação de educadores. Só atiçou o formigueiro.
O que se viu na frente da prefeitura na quinta-feira, 5, foi um movimento aguerrido de professoras, professores e profissionais da educação pública, que não ocorria havia muito tempo. Os docentes e demais trabalhadores, que ensinam, dão as letras e repertório aos filhos dos iguaçuenses, carregavam a indignação daqueles que são bajulados para obter índices e nas promessas de campanha, mas enfrentam outra realidade no chão da escola.
Ao desafiar até ordem para corte do ponto imposta pela administração, os servidores municipais levaram ao debate público problemas que devem provocar toda a sociedade. Além disso, prepotência e inaptidão fizeram Chico Brasileiro adicionar agora a educação, ao lado da área de saúde, como pauta a corroer o seu governo, tendo de lidar com um curto-circuito em duas áreas essenciais e de maiores orçamentos.
Não se pode desprezar os acontecimentos. A adesão da categoria fez fechar a absoluta maioria de escolas e centros municipais de ensino. Uma vereadora da bancada do prefeito deixou o acampamento provisório na frente do Palácio das Cataras vaiada – a maioria dos demais, do mesmo lado, nem ousou aparecer. As cobranças derrubaram a diretora de uma das pastas mais importantes da educação. O prefeito teve de evitar o próprio gabinete.
Na frente das professoras, Chico Brasileiro reconheceu que precisa rever uma absurda normativa de distribuição de turmas e teve mais duas reações: uma que irá fazer contas para ver quanto implicam dois dos haveres que lhe são cobrados; outra, fez discurso sobre o auxílio-alimentação com o intuito de dividir a atribuição que é unicamente sua, empossado que está dos poderes executivos.
A classe, no entanto, cobra melhoria das condições de trabalho para evitar o atual ambiente, que agride a saúde mental, da diminuição do número de alunos por turma, para melhor educar, e mais profissionais para crianças com deficiências. E hora-atividade, pagamento de retroativos, assim como o Piso Salarial Nacional do Magistério. Também querem evitar que o dinheiro da aposentadoria futura não escorra pelo ralo.
É com o que o prefeito terá de lidar durante o que ainda lhe resta de mandato. Os profissionais da educação não se submeteram e têm greve marcada para começar na segunda quinzena do mês. Demonstraram não aceitar menos do que soluções para quitar a extensa pauta que carregam. Nada mais atual e propício para o momento que o bordão conselheiro, o qual diz que quem não pode com formiga não deve atiçar o formigueiro.
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