Bosque Guarani fechado, devastação da mata em que vivem macacos, risco de corte da arborização da Avenida Pedro Basso, Parque Remador abandonado, praça de aroeiras, araucárias, paus-brasis e ipês podendo desaparecer do mapa. E com um passeio por Foz do Iguaçu, tocos de vegetação suprimida sugerem ser fácil a opção pela derrubada de árvores.
A lista é maior. Mas esses são alguns impactos diretos da omissão ou da inadequação da ação do poder público, em anos, na proteção do meio ambiente, pauta que tem a ver, convém reforçar, com um pacto coletivo de presente e futuro, definidor da qualidade de vida, das condições de saúde e até mesmo da obtenção de ganhos econômicos.
A organização da comunidade iguaçuense fez refrear o ímpeto antiecológico em algumas frentes e demandas. Por exemplo, a tríade catraca–tecnologia–quiosque de venda não é visão predominante, por ora, para o futuro do Bosque Guarani, defendido como área de uso comum e gratuita para o morador da cidade e, por consequência, também um bom lugar para turistas.
A constituição formal de parques ambientais municipais pode ser analisada nesse contexto para além dos objetivos de gestão em angariar recursos do ICMS Ecológico. Essa iniciativa, porém, convoca a comunidade a manter o acompanhamento para que as unidades tenham o manejo e os recursos necessários para atingir as finalidades para as quais são criadas.
De fato, a ação de ambientalistas e membros de coletivos, universidades e organizações sociais, enfim, cidadãos iguaçuenses, está incutindo a pauta ambiental na agenda pública. Esse trabalho independente une iniciativas reivindicatórias e atuação institucional, o que inclui a participação em instâncias formais e a recorrência aos meios protetivos previstos na legislação.
São alguns passos que descortinam um horizonte que permanece desafiador. Os recursos hídricos exigem ação imediata para o cuidado dos rios, e o Plano Municipal de Conservação e Recuperação da Mata Atlântica carece de efetividade. Igualmente, é necessária a atenção às plantas urbanas por meio de um projeto de arborização consistente.
E, nessa direção, os mecanismos e órgãos de fiscalização devem cumprir o seu papel. Esses instrumentos precisam ser inibidores de toda intervenção predatória contra a natureza e, quando isso ocorrer, ter a capacidade de instrução para que os agentes sejam responsabilizados, a exemplo de ocorrências como a do Bosque dos Macacos.
Ao criticar a pressão sobre a natureza, o ambientalista, escritor e liderança indígena Ailton Krenak afirma: “Estamos experienciando a febre do planeta.” Seus efeitos são notórios e refletem no dia a dia das pessoas. Portanto, não apenas é válido como é necessário o esforço da cidadania em pontuar e cobrar políticas públicas eficientes para a proteção do meio ambiente.
Leia opinião do portal sobre a importância da comunidade na preservação ambiental.
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