A oficialização de Enio Verri (PT) à frente da margem brasileira da Itaipu Binacional, com o decreto de nomeação publicado no Diário Oficial da União, sexta-feira, 10, delimita o início da gestão da usina sob a condução do governo Lula. Um nome civil volta a assumir a direção-geral da hidrelétrica, patrimônio de brasileiros e paraguaios, em substituição a quadros militares.
É avaliação quase unânime que a binacional representa um “ministério” estratégico para o desenvolvimento de Foz do Iguaçu e região, do ponto de vista de investimentos. A partir de 2003, a empresa ampliou sua visão, possibilitando canalizar recursos para distintos projetos, em áreas essenciais para a cidade, como turismo, educação e obras estruturantes.
Seguindo linha do tempo, Itaipu Binacional deu passos fundamentais para constituir um sistema integrado da gestão turística, fomentar o ensino superior público federal e criar um parque tecnológico. Mais recentemente, grandes obras esperadas por décadas saíram do papel e estão em execução ou concluídas – caso da revitalização do aeroporto. São exemplos.
Enio Verri, durante o programa Marco Zero, disse que sua gestão pretende seguir o modelo de Jorge Samek, que dirigiu a Itaipu de 2003 a 2017, aliando desenvolvimento com compromisso ambiental e social, integrados às políticas do governo federal. As obras atuais seguirão, e as ainda não iniciadas serão postas em execução, se dentro da missão da usina, declarou.
Como estava previsto nas tratativas dos governos do Brasil e Paraguai, que remontam à década de 1970, o 15.º ocupante do cargo assume a diretoria-geral brasileira com a dívida da construção da obra e da infraestrutura quitada. E sob o desafio da revisão do Anexo C do tratado que deu origem à Itaipu, tendo à frente dois governos nacionais recém-empossados.
“O Paraguai vai continuar vendendo a energia que não utiliza para o Brasil? Quais serão os investimentos prioritários para os dois países? Como será o pagamento de royalties?”, essas são indagações do próprio Enio Verri. Para ele, essas questões irão “começar do zero”, a partir dos termos do novo acordo. Há muito em jogo para Foz do Iguaçu, região, estado e os dois países.
Sob sua condução, projeta o novo dirigente, a Itaipu Binacional deverá investir em inovação e tecnologia, fomentar pesquisas de novas matrizes de energia e ampliar para todo o Paraná a ação institucional da usina. Compromete-se com uma estreita relação com a Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila) para a produção e o acesso ao conhecimento.
A Itaipu Binacional tem muito a ajudar como instrumento que contribui para a integração dos povos e nações, em que a geopolítica da região é olhada pelos prismas da irmandade, cooperação e respeito à autodeterminação de cada país. Localmente, para Foz do Iguaçu, as demandas que impactam diretamente a cidade devem ser encaminhadas com o amplo debate com a sociedade, sem distinções.
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