Duas graves epidemias de dengue em Foz do Iguaçu ocorrem em curto espaço de tempo, nos anos epidemiológicos 2019–2020 e 2022–2023. A pergunta que se repete é: sendo a prevenção a principal aliada contra o arbovírus transmitido pelo mosquito Aedes aegypti, argumento enfatizado por agentes de saúde, qual é a razão de mais uma explosão da doença?
A busca de resposta leva ao questionamento quanto aos responsáveis pelo caótico quadro sanitário. Nesse cenário, o que o prefeito Chico Brasileiro (PSD) mais quer evitar é ser pessoalmente cobrado pela escalada da doença, mesmo tendo sido posto no cargo para cuidar de todas as demandas da cidadania.
Há movimentos perceptíveis do gerente da coisa pública iguaçuense desde o decreto de situação emergencial, publicado na metade de março. Chico Brasileiro busca encarnar a figura do militar de patente que, diante do risco iminente à coletividade, parte rumo ao front para ele próprio dar combate.
É verdade ser surrada a construção verborrágica e imagética de agentes públicos, ontem e hoje, que simulam o ataque a calamidades e dissabores da sociedade, muitos evitáveis, como sendo uma guerra. No caso iguaçuense, seria cômico e trágico, simultaneamente, estabelecer taxativamente a deflagração de guerra a um mosquito.
Em seu voluntarismo, porém, o administrador se faz notar trajando indumentária à medida, um jaleco com as inscrições do SUS e o brasão do município. Vestido a caráter, comanda a retirada de entulhos, soterra piscina em prédio abandonado e cobra a população a fazer a sua parte, mediante risco de sanção.
Os mutirões de limpeza são apresentados com veemência, enfatizando a falta de cuidado individual. Há que se perguntar: por que a montanha de lixo não fora recolhida antes? Como estão as condições de moradia e saneamento nas áreas mais pobres da cidade? E a política ambiental? Quais ações efetivas de educação em saúde chegaram a essas comunidades antes da epidemia? Por que a piscina da antiga Asserpi, criadouro há anos, só foi aterrada agora?
A narrativa oficial inclui ampliar o discurso para outras plagas. As ações da prefeitura são levadas à audiência nacional, com destaque para um acessório complementar aos trabalhos, o drone, e outro experimental, de eficácia ainda duvidosa, a raquete. Na prática, o marketing às avessas leva para parte do país a mensagem de que Foz do Iguaçu é um lugar perigoso no momento devido à dengue.
“Tudo seria fácil se não fossem as dificuldades”, ironizou Apparício Torelly, o Barão de Itararé, crítico ácido dos sujeitos da vida pública que pensam escrever a história. Se crise é oportunidade, Chico Brasileiro faz as contas com o intuito de passar pela turbulência sanitária sofrendo o menor estrago político possível. O tempo demonstrará o quanto ainda há de paciência ao iguaçuense.
Chico Brasileiro busca encarnar a figura do militar de patente que, diante do risco iminente à coletividade, parte rumo ao front para ele próprio dar combate.
[…] TAMBÉM:Editorial – Chico Brasileiro veste o jaleco da política em meio à epidemia de dengue em Foz …Codefoz reforça cidadania contra a dengue e cobra medidas eficientesEm plena epidemia de dengue, […]
[…] TAMBÉM:Editorial – Chico Brasileiro veste o jaleco da política em meio à epidemia de dengue em Foz …Em plena epidemia de dengue, mato se espalha por Foz do IguaçuFoz do Iguaçu tem uma notificação […]
[…] TAMBÉM:Editorial – Chico Brasileiro veste o jaleco da política em meio à epidemia de dengue em Foz do I…Foz do Iguaçu tem uma notificação ou caso de dengue para cada 10 moradoresCodefoz reforça […]
[…] TAMBÉM:Editorial – Chico Brasileiro veste o jaleco da política em meio à epidemia de dengue em Foz do I…Codefoz reforça cidadania contra a dengue e cobra medidas eficientesEm plena epidemia de dengue, […]