Qual é o lugar que Foz do Iguaçu irá ocupar daqui a uma década? Grande parte da resposta à pergunta é dependente de determinações no âmbito político, que por sua vez são resultado de escolhas dos moradores da cidade.
O município se debate com a necessidade de diversificar a economia para gerar renda e ampliar receitas, possibilitando investimentos e evitando sobretaxar a população. Esse propósito reclama soluções para criar oportunidades e reverter o atual quadro social de aumento da pobreza.
Mais de 120 mil iguaçuenses, de 58 mil núcleos familiares, integram o Cadastro Único para o acesso a programas sociais, como o Bolsa Família. A cidade tem o segundo maior número de famílias que recebem esse benefício no Paraná, atrás apenas de Londrina e excetuando a capital.
O déficit de moradia é de pelo menos seis mil casas, conforme a oficialidade. O transporte coletivo é ineficiente e deficitário, sustentado pela transferência de dinheiro público à operadora privada. As principais vias urbanas estão deterioradas, muitas entregues à manutenção paliativa.
É longa a fila de espera na saúde, que somava 40 mil procedimentos no ano passado, conforme a promotoria. Foz do Iguaçu é a segunda cidade paranaense com mais mortes e casos de dengue, enfermidade evitável contra a qual a prefeitura não consegue mobilizar esforços para controlá-la.
É nesse contexto e com a já intensa conversação política para a eleição de prefeito e vereadores que Chico Brasileiro (PSD) acaba de mexer em peças da sua equipe. Sem alargar o espectro de forças nem atrair novas visões de administração, a dança das cadeiras se resume a mais do mesmo.
É importante notar o movimento do prefeito para robustecer um núcleo duro de poder político. Essa articulação inclui o reposicionamento de auxiliares próximos e o retorno da primeira-dama, agora servidora aposentada, Rosa Maria Jeronymo, ao primeiro escalão do Palácio das Cataratas.
Sem ampliar, Chico Brasileiro demonstra querer reter ainda mais perto a estrutura governamental, a fim de acumular musculatura para interferir, de forma decisiva, no processo eleitoral. Destaca-se que o prefeito não poderá ser candidato a cargo majoritário no pleito de 2024.
A instrumentalização e o aparelhamento do poder são intentos que Foz do Iguaçu já experimentou na história política recente, os quais redundaram em fracasso e execração de agentes públicos que se projetavam insubstituíveis. A memória existe, pois, para ensinar e advertir.
Na retal final de governo, Chico Brasileiro se guia pelo calendário eleitoral, apostando que as eleições municipais poderão sacramentar o seu futuro político e o de seu grupo. Já os problemas que desafiam Foz do Iguaçu seguirão relegados ao tratamento de gestão “feijão com arroz”, ou seja, bem básica.
Oportuna e bem contextualizada reflexão. É fundamental avaliar as ações políticas pela capacidade de gestores em responder demandas sociais da maioria da população. Parabéns pelo texto! Ousadia crítica no jornalismo é fundamental!
Não dá para esperar nada deste fim de administração, em relação a alguma preocupação com o futuro da cidade – existe, na verdade, preocupação com objetivos políticos individuais (basta ver o prefeito nomeando a esposa como secretária).