Casa de Harry Schinke e a história de Foz do Iguaçu

Leia a opinião do portal sobre a preservação das memórias da cidade.

É pelo olho de Harry Schinke (1902–1976) que Foz do Iguaçu enxerga seu passado, sua gente, o cotidiano dos moradores que estavam ou chegaram antes. Suas fotografias dos anos 1920 e 1930 são documentos irrepetíveis de uma geografia em modificação.

Schinke foi mais do que o homem a manusear a máquina fantástica de estancar o tempo. Foi cidadão de Foz do Iguaçu em um período de escassez, em que a burocracia dos governos centrais era incapaz de atender às demandas de uma região de potencialidades.

Na antiga Casa de Profilaxia, dividida com a própria residência, realizava a prevenção de doenças, com práticas como a vacinação e a orientação sanitária. Eram atendidos moradores iguaçuenses, assim como argentinos e paraguaios.

Ter curado uma criança da Argentina lhe rendeu como agradecimento um Ford Bigode, um dos primeiros carros de Foz do Iguaçu, contou, emocionada, a pioneira e esposa de Harry, Marieta Schinke, ao jornal Nosso Tempo. E ainda outro pioneirismo: transporte de funcionários da aérea Panair e de turistas para as Cataratas do Iguaçu com o “bigodinho”.

Há muito mais a dizer de Harry Schinke, que ainda legou a familiares seu senso de cidadania. Porém, o enunciado já deve bastar para enfatizar a importância da criação de um equipamento para resgatar e preservar essa parte da memória social da cidade.

Mais que relevante, é uma exigência aos que se revezam no poder político sem jamais, até aqui, trabalhar para zelar o passado como um componente referencial do presente. A edificação em que o pioneiro morou, na Rua Tiradentes, resiste ao descaso do poder público com a história.

Ao lado, a casa da neta de Harry Schinke está sendo permutada pela municipalidade por áreas públicas. O que se espera é que o imóvel, ao passar à propriedade da prefeitura, não seja entregue ao abandono e à depredação. Exemplos de indiligência não faltam.

A família do fotógrafo e profilático desbravador guarda fotografias, objetos e outros materiais que têm oito décadas. E há anos almeja doar esse acervo ao município para que ele possa compor um espaço de memória ou museu, a Casa Harry Schinke.

Se história é feita de lembrança e esquecimento, são os contemporâneos que julgam o que resgatar. Revisitar o passado de Foz do Iguaçu e promovê-lo, para entender como se articula com o presente, pode servir até de remédio contra a sanha devoradora dos “gafanhotos modernos”, para usar a palavra de um escritor nativo.

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3 Comentários
  1. Adelar Diz

    Já fiz muitas críticas a Fundação Cultural, pois são nomeados, a décadas Cabos Eleitorais para dirgi-la !!!
    …pessoas comprometidas somente em se manter no poder e ao seu nomeador…
    E a população não “enxerga” isso, não impõe as suas necessidades….

  2. Esaquel Diz

    Nossa quando alguém tiver o interesse de abri um museu ao público vai ser mais um ponto turístico de Foz do Iguaçu…

  3. Fernanda Oliveira Diz

    Foz do Iguaçu precisa urgentemente um museu! É um dos lugares mais visitado no país! E não ter um resgate de nossas raízes e histórias é vergonhoso como cidade turistica.

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