A Foz do Iguaçu que o prefeito Chico Brasileiro irá “vender” em Dubai

Longe da sofisticação de Dubai, o morador iguaçuense segue enfrentando o desemprego e a piora das condições de vida.

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Enquanto preparava-se para transferir o cargo a seu vice para viajar a Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, o prefeito Chico Brasileiro (PSD) ainda testemunhou a enxurrada de reclamações de moradores por conta dos transtornos provocados pelas chuvas recentes, que inundaram, mais uma vez, casas, comércios e ruas. Problema que soa pequeno às autoridades, pois ainda está sem solução pelo poder público, apesar de ocorrer nos mesmos pontos.

Já na Expo Dubai, voltada para o business, o prefeito apresentará uma Foz do Iguaçu grande, e ela existe. Integrando a comitiva do Governo do Paraná na viagem, o gestor público iguaçuense informou que, na missão comercial, pretende “vender” o potencial em turismo, infraestrutura e logística desta cidade, que é a das Cataratas do Iguaçu, da Itaipu Binacional e da fronteira trinacional.

Chama a atenção que Chico Brasileiro não carrega na bagagem que leva junto para a costa do Golfo Pérsico nenhum grande projeto que tenha a impressão digital de sua administração, já de segundo mandato. Não é citada sequer uma solução, ideia ou iniciativa que seja a marca de seu governo e que possa ser apresentada ao investidor estrangeiro pelo seu viés transformador, modificador da realidade atual para uma cidade do futuro.

Como quem faz milagres com o santo alheio, o prefeito lançou pautas genéricas pela imprensa oficial do município, destacando a infraestrutura e a logística como o trunfo redentor do desenvolvimento. Essa argumentação faz pensar, necessariamente, nas obras em execução como a segunda ponte internacional e a Perimetral Leste, a ampliação do aeroporto, ou as ainda em projeto, como o novo Porto Seco e a extensão da Ferroeste.

São todos potenciais de Foz do Iguaçu, é verdade, mas ações de outras instâncias governamentais. Ao balanço: a prefeitura precisou até desfazer a secretaria extraordinária, criada por Chico Brasileiro, que seria encarregada de gerir a construção da Ponte da Integração. O condomínio de startups de Foz do Iguaçu ainda não saiu do papel. O distrito industrial patina. A cidade recuperou apenas um de cada três empregos derretidos pela pandemia no ano passado.

Longe da sofisticação de Dubai, o morador iguaçuense segue enfrentando o desemprego e a piora das condições de vida. A população de Foz do Iguaçu na pobreza extrema aumentou 28%. Proliferam-se ocupações de pessoas que não conseguem pagar o aluguel, e a fila do sopão solidário aumenta. O transporte coletivo permanece sem solução. O número de habitantes estagnou, segundo projeções oficiais, enquanto cresce em localidades vizinhas.

Antes de embarcar para o exterior, Chico Brasileiro disse que Foz do Iguaçu poderá seguir a trilha de grandes cidades mundiais, citando a estadunidense Las Vegas. Que ao voltar de Dubai, o prefeito não siga o bordão da localidade que tomou como exemplo, o qual diz “o que acontece em Vegas fica em Vegas”, mas preste contas à população sobre os resultados de sua imersão entre os investidores reunidos nos Emirados Árabes.

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