Salário mínimo do Paraguai é mais alto que no Brasil

Governo reajustou o mínimo paraguaio em 4,4% nesta sexta-feira, 25. O valor equivale a R$ 1.600. Mas poucos são beneficiados.

O salário mínimo no Brasil, reajustado em maio, perde feio para o mínimo no Paraguai.

Com o reajuste de 4,4% anunciado nesta sexta-feira, 26, o mínimo no Paraguai foi para 2.286.324 guaranis.

Na conversão pelo câmbio oficial, este valor representa R$ 1.600,00, ou R$ 500,00 a mais que o mínimo em vigor no Brasil.

ALTA DOS PREÇOS

O aumento do salário dos paraguaios, que vigora a partir de 1º de julho, foi com base na alta de preços desde o último reajuste.

De acordo com o jornal ABC Color, o Ministério do Trabalho estima que cerca de 250 mil paraguaios recebem salário mínimo. Eles representam 10% da força de trabalho.

Mas um grupo quase igual, de 200 mil pessoas, não chega nem a receber o salário básico, destaca o jornal.

MENOS BENEFÍCIOS

Em real ou em guaranis, o mínimo é mesmo “mínimo”, no Paraguai e no Brasil.

Antes de se concluir que o trabalhador paraguaio que ganha o mínimo é “privilegiado”, em relação a seu par brasileiro, é preciso fazer uma observaçãozinha.

Lá, a jornada de trabalho é de 48 horas semanais; aqui, 44 horas, conforme a CLT.

Aqui, as férias são de 30 dias por ano. Lá, varia pelo tempo de casa.

  • 12 dias para o trabalhador que tem de um a cinco anos “de casa”.
  • 18 dias para quem tem de 5 a 10 anos.
  • 30 dias para quem está há mais de 10 anos no emprego.

Outra diferença: em licença médica, o trabalhador paraguaio só recebe 50% do salário, pago pelo governo.

Como aqui, o paraguaio tem direito a um 13º salário.

MÍNIMO DE 2022

No Brasil, o salário mínimo deveria ser R$ 2,00 mais elevado, para cobrir o Índice Nacional de Preços ao Consumidor de 2020.

Mas essa diferença não foi incorporada ao mínimo, o que deverá ocorrer no reajuste de 2022.

Por sinal, já definido pelo governo: no ano que vem, o salário será de R$ 1.147 e não terá aumento acima da inflação, como anunciou o Ministério da Economia.

Este reajuste, de R$ 1.100 para R$ 1.147, se baseou na estimativa de aumento de 4,3O% no INPC, como consta no projeto da Lei de Diretrizes Orçamentárias, enviado ao Congresso pelo governo em abril deste ano.

Mas a inflação para este ano já tem nova estimativa, inclusive oficial: 5,44%.

Como vai ficar? Ninguém sabe.

Desde 2020, a fórmula de reajuste do salário mínimo só prevê a reposição do INPC.

Até 2019, conforme matéria da Agência Brasil, o salário mínimo era reajustado segundo uma fórmula que previa o crescimento do Produto Interno Bruto de dois anos antes mais a inflação oficial do ano anterior.

VILÃO

No Paraguai como no Brasil, o aumento do salário mínimo é feito com cautela. Lá, por causa do impacto nos preços, principalmente, como disse a ministra do Trabalho, Carla Bacigalupo.

Em notícia do jornal Última Hora, a ministra afirmou que o aumento do mínimo vai beneficiar cerca de 230 mil trabalhadores do setor privado e doméstico (menos que o noticiado pelo ABC Color).

Disse ainda a ministra que “nossa grande luta é a formalização do emprego, porque aí sim poderemos adotar políticas sérias, como as que estamos aplicando”.

No Brasil, o Ministério da Economia estima que cada aumento de R$ 1 no salário mínimo tem impacto de aproximadamente R$ 315 milhões no orçamento.

Isso porque os benefícios da Previdência Social, o abono salarial, o seguro-desemprego, o Benefício de Prestação Continuada (BPC) e diversos gastos são atrelados à variação do mínimo, como informou a Agência Brasil.

Em resumo, conclui-se: o salário mínimo é um grande vilão!

QUANTO DEVERIA SER

É curioso lembrar quanto o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) calculou que deveria ser o mínimo no Brasil.

Em graúdos e miúdos: em março deste ano, o salário deveria ser de R$ 5.315,74.

Para o cálculo, o Dieese se baseou no custo da cesta básica de Florianópolis (SC), a mais cara do Brasil.

Ela custava, na capital catarinense, R$ 632,75.

Ou seja,  62% do mínimo em vigor.

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