Os três países tiveram índices elevados, em 2020. A situação da Argentina é a pior, mas até o Paraguai teve uma alta considerável.
O aumento dos preços internacionais de vários produtos, com o crescimento do consumo no mundo, pós-pandemia, trouxe de volta o fantasma da inflação, mesmo em países que já a tinham bem controlada.
No Brasil, 2021 fechou com uma alta de 10,06%, o maior índice desde 2015. E o Paraguai, com 6,8%, também encerrou o ano com a maior inflação desde 2010.
A situação se repetiu no Chile, com 7,2%, a maior alta desde 2007.
Já a Argentina, com 50,9%, manteve a performance de país inflacionado. O índice foi maior que os 36,1% de 2020 e chegou perto dos 53,8% de 2019.
Na América do Sul, apenas a Venezuela teve uma inflação mais elevada que a Argentina: 686,4%.
Já o Uruguai se destaca por uma taxa de inflação alta, de 7,96%, mas inferior aos 9,41% de 2020.
O levantamento foi feito pelo jornal argentino Clarín, depois da divulgação da inflação argentina pelo Instituto Nacional de Estatística e Censos (Indec).
O maior problema da Argentina, agora, é que vai chegar o momento de revisar tarifas e preços de produtos controlados, como os combustíveis, cujo último aumento foi em maio do ano passado, e também de desengessar o preço de vários alimentos, entre outros.
A revisão de tarifas e a expectativa de novas altas no dólar podem levar a um pico inflacionário de 55%, segundo analistas de consultorias privadas.
PLANO REAL
Pra ficar nos três vizinhos, o Paraguai nunca precisou, mas a Argentina não teve nenhum governo disposto a encarar de frente a inflação, como o fez o Brasil em 1994, quando o governo de Itamar Franco começou a desenvolver o Plano Real.
O economista João Sayad diz que o sucesso do Plano Real pode ser atribuído à volta de uma ordem econômica, e não à simples extinção do imposto inflacionário, conforme se lê na Wikipedia.
Foi o fim da inflação que garantiu a eleição de Fernando Henrique Cardoso, então ministro da Fazenda, que reuniu um grupo de economistas para elaborar o plano que acabaria com a hiperinflação no Brasil.
O índice de dois dígitos verificado na inflação de 2021 acende um alerta. O Brasil tem a maior dívida pública da América do Sul, inferior apenas à da Argentina. A dívida é inflacionária, bem como as constantes desvalorizações do real frente ao dólar, situações reveladoras de que a política econômica pode não estar no caminho certo.
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