Hoje, quando se discute a mudança na Petrobras – para onde deve ir o general Joaquim Silva e Luna, atual diretor-geral brasileiro de Itaipu -, “todo mundo” virou especialista nos preços dos derivados de petróleo.
Mas Silva e Luna, que ainda não sabe se assumirá – depende da aprovação do Conselho de Administração da Petrobras -, já tem a exata noção de que duas variáveis são as que mais influenciam no preço dos combustíveis: o valor do barril de petróleo no mundo, hoje na casa de US$ 60; e o câmbio, agora pouco abaixo de R$ 5,50 por dólar.
Com essas duas variáveis, pouco se pode fazer e são as que mais pesam no preço. Em entrevista à Rádio Bandeirantes, ele comparou a situação dos preços dos combustíveis com a do fornecimento de energia elétrica por Itaipu.
Para atender os contratos assinados com os mercados brasileiro e paraguaio, em dois anos de crise hídrica (choveu bem menos que a média normal nos rios que formam o Paranazão e, portanto, garantem a água do reservatório de Itaipu), a usina binacional formou um “colchão” de reserva, na expressão de Silva e Luna.
Isto é, armazenou o quanto foi possível e previu um rebaixamento do reservatório, se necessário, para que a geração de energia não caísse abaixo do nível do contratado. Mais que isso, adotou medidas para aproveitar cada gota d´água, com recordes históricos em produtividade. Deu certo: fechou 2020, ano crítico, com a energia suficiente para honrar os compromissos assumidos.
Para a Petrobras, o que ele imagina – “mas estou imaginando alto, aqui”, disse na entrevista -, é a criação de algo como um fundo regulador, alocando recursos nos períodos de queda de preços internacionais e câmbio favorável, para permitir cobrir a alta de preços exagerada em outros períodos.
Mas ele também falou em redução de custos, a exemplo do que fez em Itaipu, onde conseguiu uma economia de R$ 2,5 bilhões, na margem brasileira, dinheiro que a usina está aplicando em obras estruturantes na região.
Por falar nisto, obras que deverão continuar, como garantiu o próprio Silva e Luna.
DÓLAR, O VILÃO
De janeiro de 2020 para cá, o dólar subiu 34% em relação ao real. Na segunda-feira, 22, por conta das possíveis mudanças na Petrobras, a bolsa despencou e o dólar ultrapassou R$ 5,50, mas depois baixou para R$ 5,46, depois de um leilão de US$ 1 bilhão do Banco Central para acalmar o mercado.
A Tendências Consultoria considera que, num horizonte maior, o câmbio teve mais peso para a alta dos combustíveis no Brasil do que o preço internacional do petróleo.
E por que isso? O que contribui é a taxa básica de juros no menor patamar da história, de 2% ao ano, que afasta investidores (e dólares. Quanto menos dólar por aqui, mais valoriza a moeda americana). Outra causa é o desequilíbrio das contas públicas, prejudicado ainda mais pelos gastos com a pandemia.
MOEDA FORTE? O GUARANI
A explicação para a alta do dólar no Brasil faz sentido até na comparação com os dois países vizinhos. A Argentina, em situação parecida com a do Brasil (ou até pior, economicamente), também vê o peso cada vez valer menos. Ali, o problema é ainda mais grave por causa da inflação alta.
O peso caiu 6% nos dois primeiros meses deste ano, enquanto o real desabou 4% (5% em janeiro, mas com recuperação de 1% em fevereiro. No entanto, continua na gangorra).
Já o guarani valorizou 4%. É a moeda forte da tríplice fronteira.
Com R$ 1,00, você compra 18 centavos de dólar; 16,25 pesos; e 1.206,71 guaranis, ao câmbio oficial desta terça-feira, 23.
Agora, veja que com 1.206,71 guaranis você consegue comprar 19 centavos de dólar. Eis na prova a apreciação do guarani frente ao dólar: um centavo de dólar.
Outra comparação: com 100 pesos, compra-se 1,12 dólar e R$ 6,15. Com 1,12 dólar, dá para trocar por R$ 6,16. Como a moeda brasileira é depreciada, a diferença é praticamente nula, na comparação com o peso.
Mas por que o guarani valorizou? São vários fatores. Primeiro, porque o dólar, mundialmente, está em tendência de depreciação. Depois, pela volatilidade no setor cambiário. E, no caso paraguaio, especificamente, pela queda da demanda de dólares no mercado local, com mais oferta que procura.
FAKE NEWS
Circula nos nada estreitos círculos das redes sociais, em especial no WhatsApp, o “depoimento” de um pseud0-conhecedor da Petrobras. O general Silva e Luna nem assumiu e já teria demitido 300 funcionários da empresa no Rio, diz a informação “fake”.
Ele traz detalhes do que o novo presidente da estatal vai fazer para combater abusos, entre os quais um “acerto” entre a diretoria da Petrobras e os governadores, para manter os impostos estaduais sobre os combustíveis, um dos pontos em discussão atualmente.
Produção ruim, de uma voz já conhecida de outras notícias falsas que se espalham por aí e que tendem apenas a radicalizar opiniões, exatamente o que o Brasil não precisa. E muita gente acredita!
Fontes: Última Hora, Clarín, Rádio Bandeirantes e Infobae
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