Foz do Iguaçu tem 50 mil vagas a menos que Cascavel em estoque de emprego

São 65 mil ocupações iguaçuenses, ante 115 mil da cidade vizinha, conforme os dados do Caged; veja o ranking entre dez municípios do estado.

Morador de Foz do Iguaçu há oito anos, na região de Três Lagoas, Duilliam Vieira trabalhou com carteira assinada pela última vez na função de auxiliar de cozinha. Hoje, mantém-se fazendo extras como steward e não pretende ter vínculo de emprego formal. O estudante de Letras quer ir embora ao terminar essa etapa do ensino superior para galgar novos voos.

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Essa experiência pessoal contribui para se pensar os desafios do emprego com carteira assinada em Foz do Iguaçu, como reter, absorver e inserir a massa de jovens que passam pelos bancos universitários públicos e privados. Três instituições gratuitas de ensino superior mantêm campi na cidade, e há um polo de ensino a distância, mais as muitas particulares.

“Pretendo fazer especialização em outro estado”, contou Duilliam ao H2FOZ. Atualmente, sua principal reclamação é em relação a jornadas e condições de trabalho, que para ele não condizem com os salários. Isso ocorre “principalmente para os trabalhadores de base”, opina o acadêmico de 28 anos da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste).

Estoque de emprego

As vagas diariamente ofertadas na prateleira do sistema público de intermediação de mão de obra podem causar a impressão de que Foz do Iguaçu vive um ciclo sem fim de empregabilidade. Mas é preciso recorrer aos números e indicadores, como o Novo Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), para mergulhar na dinâmica do emprego com carteira assinada.

Na última divulgação do Caged, em janeiro de 2024, Foz do Iguaçu possuía estoque de 65.325 empregos. Especialista ouvido pela reportagem explica que esse dado serve para aferir a rotatividade entre admissões e demissões em um determinado período. Tem-se, portanto, que quanto maior for o estoque em um mês, por exemplo, menor será a flutuação, isto é, são mais trabalhadores com registro na carteira.

Assim, na comparação com cidades paranaenses de porte similar, Foz do Iguaçu tem 50 mil empregos a menos do que Cascavel, a qual totaliza estoque de 115.457 postos. Já na relação entre o município iguaçuense e Toledo, o acumulado de empregos é praticamente equivalente, pois a localidade vizinha mantém 60.420 registros formais de trabalho, mesmo tendo uma população bem menor.

Outro recurso para analisar o comportamento do mundo do trabalho formal entre cidades diferentes é a correspondência entre ocupações e número de habitantes, dividindo a população total pelo estoque de emprego. Essa régua mostra que o percentual de Foz do Iguaçu é de 22%, ante 40% alcançado por Toledo e 33% obtido por Cascavel.

O H2FOZ ranqueou as dez maiores cidades do Paraná em população, abaixo de 500 mil habitantes, em que foi considerado o percentual de empregabilidade extraído a partir da relação entre carteiras assinadas e total de habitantes. Na listagem, Foz do Iguaçu ficou na oitava colocação, à frente dos municípios de Colombo e Fazenda Rio Grande (a listagem está disponível abaixo).

Em economia, maior quantidade de vínculos empregatícios mantém relação direta com trabalho de mais qualidade, observância de direitos laborais e previdenciários, além de recolhimento de encargos. Empresas e instituições de porte maior, ainda, estimulam a ascensão profissional a partir de programas de desenvolvimento, capacitação e carreira.

Ao expor os números relacionados ao estoque de empregos formais, a Prefeitura de Foz do Iguaçu ressalta que não são contabilizadas as ocupações informais, as atividades de microempreendedores individuais (MEIs) e os profissionais autônomos. Para a administração, essas três categorias, que não dispõem de carteira assinada, seriam representativas das “características da principal atividade econômica da cidade: o turismo”.

Carteira assinada

No auge da pandemia de covid-19, Foz do Iguaçu viu derreterem cinco mil empregos formais, parcialmente recuperados no ano seguinte, quando foram criados 4,2 mil postos. Posteriormente, em 2022 e 2023, a cidade repetiu o saldo de 2,8 mil contratações em cada ano. Nesse período, o estoque de emprego registrou:

  • 2020: 55.423;
  • 2021: 59.720;
  • 2022: 62.525;
  • 2023: 65.300.

População formalmente ocupada, entre as maiores cidades do Paraná abaixo de 500 mil habitantes(*):

1.º – Toledo
Percentual de emprego formal: 40,1%
Estoque de emprego: 60.420
População: 150.470

2.º – Maringá
Percentual de emprego formal: 39,7%
Estoque de emprego: 162.641
População: 409.657

3.º – São José dos Pinhais
Percentual de emprego formal: 34,8%
Estoque de emprego: 115.006
População: 329.628

4.º – Cascavel
Percentual de emprego formal: 33,1%
Estoque de emprego: 115.457
População: 348.051

5.º – Araucária
Percentual de emprego formal: 31,4%
Estoque de emprego: 47.637
População: 151.666

6.º – Ponta Grossa
Percentual de emprego formal: 28,4%
Estoque de emprego: 101.859
População: 358.371

7.º – Guarapuava
Percentual de emprego formal: 25%
Estoque de emprego: 45.643
População: 182.093

8.º – Foz do Iguaçu
Percentual de emprego formal: 22,8%
Estoque de emprego: 65.325
População: 285.415

9.º – Colombo
Percentual de emprego formal: 18,6%
Estoque de emprego: 43.338
População: 232.212

10.º lugar – Fazenda Rio Grande
Percentual de emprego formal: 13,4%
Estoque de emprego: 19.998
População: 148.873

*Para os cálculos, a reportagem utilizou o resultado do Novo Caged de janeiro de 2024 e a contagem populacional do Censo do IBGE de 2022.

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