Comércio de Ciudad del Este estava otimista com a valorização do real.
Exatamente ontem, quarta-feira (23), o jornal La Clave, de Ciudad del Este, registrava o otimismo em diversos setores do microcentro comercial da cidade, ante a recuperação da moeda brasileira.
O motivo é simples: os comerciantes estavam cotando a moeda americana a R$ 5,26, quando no começo deste ano estava a R$ 5,92. Com a valorização do real, a expectativa era que a melhora no poder de compra dos brasileiros impulsionasse as vendas no comércio de importados.
O balde de água fria veio já na madrugada desta quinta-feira, 24, quando iniciaram os bombardeios russos no território da Ucrânia.
Depois de a cotação do dólar chegar na quarta-feira a R$ 5,0030, a menor cotação desde 30 de junho do ano passado, noticia a Folha de S. Paulo, a moeda americana subiu para R$ 5,0930 nesta quinta, um aumento de 1,79%.
Junto com a valorização do dólar, veio a queda nas bolsas de todo o mundo, ainda na manhã desta quinta. No caso da Bolsa de Valores do Brasil, o índice Ibovespa caiu 2,33% até as 10h30.
CIUDAD DEL ESTE
Voltando ao comércio de Ciudad del Este, duramente golpeado com o fechamento da fronteira por causa da pandemia, a recuperação vinha sendo lenta, mas progressiva. Teme-se que, agora, volte a entrar em crise.
“Esperamos que nos próximos dias os consumidores brasileiros se motivem e tenhamos movimento nas ruas de Ciudad del Este, que isso nos faz falta”, comentou com La Clave Ricardo Arévalos, dono de uma loja de celulares na galeria Jebai.
La Clave lembra que o comércio de Ciudad del Este é muito sensível ao momento econômico em que vive o Brasil. Quando vai bem, a cidade sente imediatamente o reflexo. Mas, quando o real se desvaloriza frente ao dólar, o efeito também se sente claramente, com a redução do movimento comercial na fronteira.
Lembra, também, que quando o comércio de importados de Ciudad del Este vive uma situação boa, isso se reflete também em Foz do Iguaçu, já que muitos turistas vêm quase exclusivamente para fazer no Paraguai.
A GUERRA
Sobre o conflito iniciado nesta madrugada, leia o que noticia a Agência Brasil:
O Exército russo confirmou hoje (24) o início dos bombardeios no território da Ucrânia, mas garantiu que os ataques têm apenas como alvo bases aéreas ucranianas e outras áreas militares, não zonas povoadas.
O ministro ucraniano dos Negócios Estrangeiros afirmou que a Rússia lançou operação em larga escala. O ataque teria sido feito pelas fronteiras com Rússia, Bielorrússia e Crimeia. O Exército ucraniano diz ter abatido cinco aviões russos e um helicóptero, segundo as agências Reuters e AFP.
Em comunicado citado pela agência de notícias estatal russa Tass, o Ministério russo da Defesa disse que está usando “armas de alta precisão” para inutilizar a “infraestrutura militar, instalações de defesa aérea, aeródromos militares e aviação das Forças Armadas da Ucrânia”.
“A Rússia lançou ataques contra nossa infraestrutura militar e postos fronteiriços”, disse hoje o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, em vídeo divulgado na rede social Telegram.
Zelensky impôs a lei marcial em todo o território. Pediu aos ucranianos que evitem “pânico” e confiem na capacidade do Exército para defender o país.
O ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kouleba, acusou a Rússia de ter iniciado “invasão em larga escala”.
“Cidades pacíficas da Ucrânia estão sendo atacadas. Esta é uma guerra de agressão. A Ucrânia vai se defender e vencer. O mundo pode e deve parar Putin. É hora de agir agora”, escreveu Kouleba na rede social Twitter.
Foram registadas nesta quinta-feira fortes explosões em pelo menos cinco cidades da Ucrânia, incluindo a capital, Kiev, horas depois de o presidente russo, Vladimir Putin, ter anunciado o início de operação militar no país.
Pelo menos duas explosões foram ouvidas, de madrugada (horário local), no centro de Kiev, tendo sido seguidas pelas sirenes de ambulâncias, segundo jornalistas.
Fontes em Mariupol, no Leste da Ucrânia, disseram à AFP que a cidade portuária foi atingida por bombardeios de artilharia.
Com meio milhão de habitantes, Mariupol é a maior cidade na fronteira com as autoproclamadas repúblicas separatistas pró-russas de Donetsk e Luhansk.
Mais perto da fronteira, na cidade de Kramatorsk, quartel-general do Exército ucraniano, pelo menos quatro explosões foram ouvidas.
Também a cidade de Kharkiv, no Leste da Ucrânia, e o Porto de Odessa, no Mar Negro, Sul do país, registraram explosões.
A Ucrânia anunciou o fechamento do espaço aéreo para a aviação civil.
Em comunicado, o ministério ucraniano das Infraestruturas justificou a decisão alegando “elevado risco para a segurança” do setor.
Segundo agências noticiosas russas, foram cancelados todos os voos com destino ou partida dos aeroportos de Rostov-sur-le-Don, Krasnodar, Sotchi e Anapa, todos situados no Sul da Rússia, próximo à fronteira com a Ucrânia ou ao Mar Negro.
O presidente russo, Vladimir Putin, justificou a operação militar, afirmando que se destina a proteger civis de etnia russa em Donetsk e Luhansk, cuja independência ele reconheceu na segunda-feira (21).
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