As barcaças carregadas com grãos produzidos pelo Paraguai, que começaram a atravessar a eclusa da usina binacional Yacyretá na noite de domingo, vão ficar amarradas às docas até o Rio Paraná permitir navegabilidade.
A previsão é que isso aconteça só nas próximas quinta e sexta-feira (27 e 28), quando se formará a “janela de água” que possibilitará às barcaças seguir rumo aos portos da Argentina e Uruguai.
A operação para que 125 mil toneladas de soja e milho cheguem aos importadores teve início na sexta-feira, 21, e será concluída no dia 31 deste mês.
Coordenada por Itaipu, Operador Nacional do Sistema (ONS) e Ande, a operação envolve as usinas acima de Itaipu, que precisam liberar água para atender ao pedido feito pelos governos da Argentina e Paraguai.
Por enquanto, a água já liberada só possibilita que as barcaças transponham a eclusa, localizada a 480 km de distância de Itaipu.
Mas ainda falta aumentar o nível do Rio Paraná depois da usina binacional argentino-paraguaia.
DE 1,80 METRO A 1 CENTÍMETRO
De acordo com Yacyretá, o nível do rio em Ituizaingó, cidade argentina a jusante (abaixo) de Yacyretá, estava em apenas 0,1 centímetro, na sexta-feira, 21, quando em períodos normais atinge 1,80 metro.
Nesta terça, está em 30 centímetros. À medida que Itaipu liberar água, subirá para 0,65 centímetros na quarta-feira e, finalmente, na quinta e sexta-feira desta semana ficará em um metro, conforme prevê a operação.
Um metro é o mínimo necessário para permitir a navegação pela hidrovia. Mas, para isso, as usinas do Rio Iguaçu também vão liberar água.
”JANELAS DE NAVEGAÇÃO”
Esses dois dias, quinta e sexta, são as “janelas de navegação”, que serão aproveitadas pelas barcaças.
Já nos dias seguintes, o nível do Paraná voltará a cair, impedindo novamente a navegação.
Em dois dias, portanto, terão que seguir rumo aos portos todas as barcaças carregadas com 125 mil toneladas de grãos. Elas estavam paradas há 50 dias perto de Yacyretá, à espera de mais água pra atravessar a eclusa.
ESTIAGENS SEGUIDAS
É o segundo ano consecutivo que o governo brasileiro faz acordo com os países vizinhos para liberar água das usinas acima de Itaipu, para o transporte da safra paraguaia e garantir água aos municípios argentinos que se abastecem no Rio Paraná.
A estiagem que atinge toda a bacia do Rio Paraná e do Iguaçu é provocada pelo fenômeno La Niña. Em 2020, a regularização da vazão do rio, abaixo de Itaipu, ocorreu por duas vezes.
Todas as operações foram executadas mediante ajustes da operação do sistema regulador, por meio de mecanismos de cooperação e coordenação dos governos dos três países, particularmente de Itaipu e Yacyretá.
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