Das ruas com nome de pessoas em Foz, só 16% são de mulheres

Levantamento exclusivo do H2FOZ mostra que, entre 2.300 vias de Foz do Iguaçu, só 157 levam nomes de personalidades femininas; conheça algumas

Foz do Iguaçu tem aproximadamente 2.300 vias que cortam a cidade. Dessas, 960 recebem o nome de personalidades históricas de diferentes setores e nacionalidades. No entanto, um levantamento do portal H2FOZ revela uma disparidade significativa de gênero nessa homenagem pública. Além disso, o mesmo ocorre em diversas cidades do Brasil.

Uma apuração com base nos dados do Censo 2022 do IBGE, mostra que, das 960 vias que levam nomes de pessoas, apenas 157 (16,4%) homenageiam mulheres. Em contrapartida, 803 ruas (83,6%) fazem referência a figuras masculinas.

Observação: o levantamento pode apresentar pequenas inconsistências, pois os recenseadores preencheram os dados manualmente. Mesmo assim, adotamos medidas para minimizar erros, como o agrupamento de nomes duplicados.

Apesar da pouca representatividade, algumas mulheres de grande relevância local, nacional e internacional foram lembradas na nomenclatura das ruas da cidade. Nesse sentido, elas marcaram a história em diversas áreas, desde a ciência até a cultura.

Rua Clara Nunes - Marcos Labanca
Clara Nunes é outra personalidade homenageada na região do bairro Monjolo. Foto: Marcos Labanca

Mulheres homenageadas em Foz do Iguaçu de relevância nacional

Anita Garibaldi (Jardim Cláudia) – Conhecida como a “Heroína dos Dois Mundos”, lutou ao lado do marido, Giuseppe Garibaldi, tanto na unificação da Itália quanto na Revolução Farroupilha no Brasil.

Rua Anita Garibaldi - Marcos Labanca
No Jardim Cláudia, uma das ruas homenageia Anita Garibaldi. Já a Avenida Garibaldi faz referência ao município gaúcho. Foto: Marcos Labanca

Anna Nery (Jardim Cláudia) – Pioneira da enfermagem no Brasil, ofereceu voluntariamente seus serviços durante a Guerra do Paraguai e se tornou símbolo de dedicação e cuidado.

Cecília Meireles (Monjolo) – Uma das maiores poetisas do Brasil, deixou uma vasta contribuição para a literatura e educação do país.

Clara Nunes (Monjolo) – Cantora e compositora, brilhou como uma das intérpretes mais populares da música brasileira, especialmente do samba, e defendeu com paixão a cultura afro-brasileira.

Clarice Lispector (Jardim Cláudia) – Escritora e jornalista, marcou a literatura brasileira com suas obras introspectivas e inovadoras.

Elis Regina (Jardim Universitário) – Com sua voz potente e interpretação emotiva, revolucionou a música popular brasileira e foi uma das maiores cantoras do país.

Leila Diniz (Monjolo) – Atriz e ícone do feminismo, desafiou normas sociais e se tornou símbolo da emancipação feminina.

Marie Curie (Jardim Cláudia) – Cientista polonesa naturalizada francesa, foi a primeira mulher a ganhar um Prêmio Nobel e a única pessoa a conquistar o prêmio em duas áreas científicas distintas (Física e Química).

    Homenageadas locais

    Entre as 157 mulheres homenageadas nas vias de Foz do Iguaçu, destacam-se histórias locais e familiares que marcaram a cidade. Elfrida Engel Nunes Rios, por exemplo, é uma pioneira cuja família foi precursora no turismo e na hotelaria do município. Em seus escritos, ela registrou detalhes da passagem de Santos Dumont pela cidade. Seu pai, Frederico Engel, guiou o “Pai da Aviação” até as Cataratas do Iguaçu. Além de ter uma rua no Beverly Falls Park, Elfrida também dá nome à biblioteca pública de Foz, dessa maneira perpetuando seu legado.

    Biblioteca Muncipal de Foz do Iguaçu - Denise Paro
    Pioneira em Foz do Iguaçu, Elfrida Engel Nunes Rios dá nome a uma rua no Beverly Falls Park e à biblioteca municipal. Foto: Denise Paro

    No âmbito estadual, Julia da Costa se destaca como a primeira mulher paranaense a publicar um livro. Sua obra inaugural, Flores Dispersas, lançada em 1867, é considerada um marco na literatura feminina do Brasil. Hoje, seu nome batiza uma rua no Jardim Cláudia, homenageando sua contribuição cultural.

    Por outro lado, há indícios de que muitos dos homenageados nas vias sejam familiares dos proprietários dos loteamentos. Essa prática, embora comum, levanta questões sobre a representatividade de figuras públicas e históricas na nomenclatura das ruas.

    Pouca representatividade

    Anteriormente, em 2021, o repórter Guilherme Wojciechowski, do H2FOZ, realizou uma análise detalhada da área central da cidade. Ele constatou que, entre quatro praças e 53 vias públicas do centro, Maracanã e Boicy, apenas uma rua levava o nome de uma mulher: Elsa Britto da Silva. Localizada atrás do Super Muffato Boicy, essa homenagem é uma exceção em um cenário dominado por nomes masculinos.

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