Precisamos ser pontes e ajudar quem sofre nas ruas

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Aida Franco de Lima – ARTIGO

A onda de frio chegou. E como não podia deixar de ser, está aberta a temporada de debates em torno das opiniões a respeito das estações preferidas. Até parece coentro, não há meio termo. Ou é amado ou odiado. Mas para quem está em situação de rua, não há glamour algum.

O Brasil não é um país preparado para o inverno. Na verdade nem para o verão, quando estamos nos referindo à parcela da população que não é rica. Nossas casas não são calafetadas o suficiente. E se sob um teto já reclamamos do frio e também do calor, imaginem quem está em situação de rua? Como saciar o frio ou sede?

É por isso que nós que temos o mínimo de conforto, devemos usar nossa voz em prol de quem não é escutado.

Quem diria, há alguns anos, que abrigos públicos aceitariam acolher moradores de rua e seus animais? Em 2015, eu e uma voluntária passamos o dia inteiro procurando um lugar para um mulher de 63 anos pernoitar, durante um dos dias mais frios do ano. Nenhum lugar a aceitava com seus cães. Depois conseguimos que ela dormisse na casa do filho, de onde tinha saído justamente por causa dos cachorros.

A aceitação de animais em abrigos à pessoas em situação de rua passou a vigorar por conta da luta dos ativistas
No dia que encontrei Dona Hermelina com seus dois cães, Nego e Tato. Ela se abrigava nas noites frias em uma caixa de papelão. Foto: Aida Franco de Lima

É importante pensarmos que as pessoas que estão nas ruas e carregam consigo animais de estimação, muitas vezes têm nos mesmos sua única companhia e motivação. E como é que exige-se que abram mão de seus amigos, por uma noite de conforto, sendo que o resto de suas vidas não são acolhidos?

Além dos abrigos, é essencial que nós que temos o mínimo de empatia e nos sensibilizamos com a dor do outro, também tenhamos atitudes práticas. Podemos mudar a realidade de muita gente que às vezes precisa apenas de alguém para liderar um movimento. Não é sempre que dá resultados, em virtude da demanda, mas eu mesma já consegui ajudar inúmeras famílias que precisavam de comida, geladeira, camas. Eu não fiz nada mais, além de um post em minhas redes sociais solicitando ajuda de minha rede. Fui apenas uma ponte.

Moradores improvisaram abrigo para água e comida a animais de rua. Foto: Aida Franco de Lima

Precisamos ser pontes para ajudar os animais também. Tirar uma foto de um animal em sofrimento e pedir ajuda em rede social ajuda. Mas muitas vezes precisamos por a mão na massa. Nós mesmo tomarmos frente da situação, minimizar o problema na hora e depois pedir socorro. E devemos lutar por políticas Públicas que possibilitem garantias mínimas também. Ou vocês acham que os abrigos passaram a aceitar animais por pressão das redes ou por qual motivo?

Uma casinha na frente da calçada, um pote de água, comida. Pode não resolver a fome de todos os animais, mas ao menos para aquele que usufruir, terá feito a diferença. E temos que lutar também contra a indiferença de quem acha que animal não tem sentimentos.

Este texto é de responsabilidade do autor/da autora e não reflete necessariamente a opinião do H2FOZ.

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