Lar Temporário para Animais: uma política pública necessária
Aida Franco de Lima – OPINIÃO
A instituição do Lar Temporário para animais pode ser uma alternativa importante, como política pública, aos municípios interessados em encarar de frente o problema dos animais errantes. Principalmente cães e gatos, que precisam de abrigo, mesmo que temporário.
Os espaços tidos com canil ou gatil municipal, esse último muito raro, que algumas cidades adotam, muitas vezes acabam sendo usados como ponto de desova de animais.
Além do mais, salvo raras exceções, as estruturas precárias e o modelo retrógado de canil, em que os bichinhos ficam aprisionados em um espaço reduzido, muitas vezes faz com que o animal recolhido por maus-tratos, continue a permanecer nessa condição. Mas o que é mais grave, sob a tutela do Estado.
A demanda de animais que precisa de atendimento, juntamente com os pedidos da população para a coleta dos mesmos, pelos mais diversificados motivos, é incompatível com a estrutura e com o tempo necessário de tratamento para cada animal. Isso, em se tratando de cidades que os abriguem, pois é muito raro o acolhimento de gatos e em muitas cidades não há política pública para nenhum.
É muito comum que as pessoas que gostem de animais tenham o sonho de ter um local amplo para abrigar todos aqueles que precisam de assistência. Mas há alternativas mais viáveis, para estabelecer parcerias entre voluntários e municípios. Afinal, o poder público precisa assumir sua cota de responsabilidade.
Em virtude da situação econômica, é cada vez mais difícil para os voluntários arcarem com os custos que envolvem a compra de ração e cuidados veterinários. Mas se o município viabilizar apoio, doando a ração e possibilitando o atendimento veterinário, para esses mesmos animais que comem e precisam de cuidado veterinário nos abrigos, a situação começa a mudar.
“Ah, mas não podemos fazer um projeto assim porque tem gente que irá se aproveitar, pegar a ração para os animais acolhidos e alimentar os seus”, diriam quem bota todos e tudo no mesmo balaio de gatos. Claro que essa possibilidade existe, mas se formos pensar assim, nenhum benefício poderá ser concedido às pessoas que necessitam, por causa dos pilantras de plantão.
Essa espécie de lar temporário, realizado em parceria com os municípios, pode possibilitar mais conforto a animais resgatados pelo canil com alguma deficiência, como no caso de animais que tiveram cinomose e ficam com algum espasmo involuntário. A população vê esse animal na rua, deduz que está doente e aciona o canil. Em outros casos, os animais são cegos, amputados, idosos ou bravios ou com característica que os impeçam de ser realocados nas ruas. Se não forem adotados, estão fadados a ficarem até a morte no local.
Uma Política Pública eficiente, em torno do Lar Temporário, pode, ainda, estimular a Guarda Responsável e coibir abandonos e maus-tratos. Ou seja, todo mundo sai ganhando. Inclusive quem não gosta de animais e os não querem por perto.
E, ainda, que estejam completamente saudáveis, a adoção é inferior à quantidade de animais que precisam de lares. Soltá-los nas ruas, após a castração e um longo período de estadia no canil, uma das cláusulas contratuais presentes nos contratos onde os canis são terceirizados, acaba sendo a alternativa menos pior.
Assegurar que esses animais tenham a oportunidade de estar em um lar, mesmo que temporário, além de ‘desafogar’ os abrigos é um meio de promover mais qualidade de vida aos mesmos. Importante ressaltar que essa é uma medida que pode aumentar as chances de adoção, Inclusive pela família que o acolhe, em virtude do vínculo que é construído durante a estadia.
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