Jaguatirica no mercado e o voto na urna
O afrouxamento das leis ambientais reflete na fuga de animais silvestres, das florestas deterioradas, para o meio urbano
Aida Franco de Lima – OPINIÃO
No último texto “Onça no quintal não é fofo, é caótico“, escrevi sobre uma onça parda que apareceu em um condomínio, em MG, e o modo como o caso, que é reflexo do desequilíbrio ambiental, foi tratado como ‘fofo’, pela apresentadora. Hoje, zapeando pelas redes sociais, soube de outro ocorrido com uma jaguatirica que foi encontrada na última quinta-feira (21) em um sítio, na cidade de Terra Boa, no Noroeste do Paraná. A família encontrou o filhote de jaguatirica dentro de casa. A Secretaria de Meio Ambiente, daquela cidade, fez o resgate e devolveu o animal à mata, que resta.
No dia anterior, 20, em Nioaque (MS), outro caso semelhante. Uma jaguatirica foi encontrada na cama de uma criança. A Polícia Ambiental fez o resgate e o soltou na mata.
Esse caso foi antecedido por outro, na mesma cidade, no mesmo mês, dessa vez no dia 05. O animal foi encontrado, dessa vez, dentro de um supermercado! Inclusive, não se descarta a possibilidade de ser o mesmo animal.
Esses três exemplos aqui citados, e devem ter muitos outros não noticiados, ocorrido com uma mesma espécie em tão curto espaço de tempo é um sinal de alerta. E a pergunta é: o que os órgãos responsáveis estão fazendo para garantir a sobrevivência dessas e outras espécies silvestres? Não podemos generalizar, mas a resposta beira ao hábito do peixe: nada.
Desconheço que nesses locais esteja havendo um trabalho de monitoramento das espécies, repovoamento da flora, conservação dos rios e assim por diante. E isso é papel dos municípios e dos respectivos órgãos ambientais.
Lembram de quando viajávamos e a paisagem era composta por florestas e rios? E hoje o retrato é outro. Quem ainda presta atenção para o que está ao redor, pode notar que é tudo campo aberto. Nas grandes extensões de terra o monocultivo toma conta de tudo. A diversidade compete ao pequeno agricultor, que literalmente tira o sustento da terra. E aos animais, só restam pequenas faixas de florestas, normalmente aquelas que circundam os rios e aquelas que são proibidas de corte.
Para ajudar, as leis ambientais estão cada vez mais afrouxadas, os governos, estaduais e federais, não promovem concursos para ampliar o quadro de fiscais e agentes que atuam na proteção ambiental, enquanto que o lado de lá, de quem não tem escrúpulos para respeitar o meio ambiente, cresce igual fermento.
As eleições estão aí. Precisamos eleger governantes que tenham o mínimo de preocupação com a questão ambiental, pois são estes que decidem sobre nossas vidas e dos silvestres. Do contrário, vai chegar um momento que não vai ter mais para onde devolver jaguatirica. Aliás, nem notícias de jaguatiricas teremos mais!
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