Fazenda de cachorro: soa estranho?
Aida Franco de Lima – ARTIGO
Se há fazendas para criação de animais para fins lucrativos, desde fazenda de pérolas, de gado, de porcos, e isso é tão ‘normal’, por qual motivo ainda não temos fazendas, em vez de celas, para abrigar animais domesticados que precisam de cuidados? Por qual motivo ainda insistimos em canis, literalmente frios, cujo trabalho para mantê-los limpos exigem uma grande demanda de esforço, tempo, recursos financeiros e desperdício de água?
E isso que nem falamos de gatis públicos, pois o que temos por aí são casas improvisadas que muitas vezes rende um duelo entre vizinhos e tutores. Uns incomodados com os odores e outros com as dores dos animais.
Ah, mas fazenda é pra criar coisa que gera lucro… Primeiro que animal não é coisa, é animal senciente ou seja, animal sente dor, medo, prazer e emoções positivas. Segundo que se colocar no papel sai muito mais em conta organizar um espaço amplo, desenvolvendo políticas públicas para fins de curto, médio e longo prazo. Lembrando que nas pequenas cidades do interior é possível praticamente zerar o problema. Sonho alto demais? Utopia? Se for feita a coisa certa, deixará de ser.
Precisamos de locais para abrigar animais como gatos e cachorros com ninhadas, que são abandonados, que se perdem, são atropelados, roubados ou maltratados, entre outros. Essa seria apenas uma etapa para lidar com uma situação tão delicada que é a população cada vez mais crescente de animais domesticados.
Outras fases são essenciais, como trabalho amplo de Educação Ambiental, castração e chipagem em massa dos animais e claro, aplicação da Lei. Também necessitamos de locais para abrigar as espécies exóticas, que são adquiridas por modismo e não podem e nem devem, mas são muitas vezes, despejadas na natureza. Ou vamos apenas ignorar que animais exóticos, assim considerados porque foram retirados de seus ambientes naturais e portanto, também devem ter direito à vida?
O conceito de zoológico, onde um animal vivia seus dias tristes para o espetáculo alheio não tem mais cabimento. Mas nada impede que animais que tenham sido resgatado, principalmente em se tratando de cães, gatos, muares ou exóticos sejam acolhidos em abrigos que possam ser um convite para que sejam adotados. Não é expor animais para visitação, igual peixe enclausurado em aquário. É outro conceito.
É proporcionar um local mais amplo, onde os animais possam de fato alongar, exercitar, correr, fuçar a terra, com abrigo que não precisa ser lavado todo santo dia, pois eles vão usar apenas para se protegerem das intempéries da natureza.
Esses espaços devem ser cuidados não por empresas que visam tão somente lucro, mas por entidades e autônomos já experientes. Pessoas que muitas vezes fazem trabalho voluntário, mas que devem ser remuneradas para essa tarefa, que exige tempo, responsabilidade e dedicação. Trabalho remunerado cansa, pesa no bolso e é importante que a sociedade reconheça que protetor animais também paga boleto!
Como é na sua cidade? Para onde são levados os animais que precisam de socorro? Quanto menos animais perambulando nas ruas, melhor pra todo mundo. Bom para quem não gosta deles, pois não os têm por perto. Melhor ainda para quem os ama , que saberá que estão levando uma vida de cão, cão feliz!
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