Castrar, chipar, educar e multar: o caminho para proteger nossos animais
Não há lares suficientes para a quantidade de animais que nascem em virtude de inúmeros fatores que envolvem políticas públicas em torno da causa animal
Aida Franco de Lima – OPINIÃO
A pandemia revelou um lado delicado para aqueles que gostam de animais. O lado do desespero e dor de quem não tem o que comer e muito menos como alimentar ou cuidar dos animais de estimação que convivem no mesmo ambiente.
Há quem defenda a ideia de que quem não tenha dinheiro suficiente, também não deva ter animais sob sua responsabilidade. Se esse pensamento for adiante, então estaremos marginalizando e separando ainda mais os abastados dos pobres. Dividindo ainda mais nossa sociedade, em castas.
Quando falamos de animais domésticos, estamos abrindo um leque de variáveis, de coisas benéficas que essas criaturinhas propiciam para os humanos assim como também as obrigações, os cuidados, o trabalho e gastos que geram e a atenção que exigem. E é intrigante como muita gente que diz que não pode adotar um gato ou cachorro vira-latas fica compadecida com um animal ‘peludinho’ e logo quer adotar. Como se esses não fossem dar, no mínimo, as mesmas despesas de um vira-latas ou muito mais! Um vira-latas, por conta da genética variada, é muito mais resistente à doenças que outros de raça da moda, como pug, lhasa e chips, ou melhor shih-tzu!
É visível a quantidade de animais que perambulam pelas ruas e como essa população tem se reproduzido. E se falarmos dos felinos, a situação é ainda mais complicada. Não há lares suficientes que possam acolher as ninhadas que surgem a cada três ou quatro meses, basicamente. E mais uma vez há quem defenda uma proposta para ‘resolver’ o problema: não alimentar os animais de rua!
Importante esclarecer que os animais não vão deixar de procriar, se estiverem com fome. São coisas distintas. O que teríamos, se deixássemos de alimentar os animais que vivem nas vias públicas, prédios abandonados ou mesmo que escapam dos quintais, em busca de comida, seriam animais esqueléticos, sofrendo e, talvez, vivendo menos tempo. Mas ainda assim, procriando.
Castração em massa – com subsídios dos municípios e parcerias com clínicas interessadas. Essa pode ser até uma maneira de as clínicas fidelizarem novos clientes, de pessoas que nem passam perto porque acham que os preços são exorbitantes. Ou seja, estamos falando de um percentual de animais, que não são clientes das clínicas particulares.
Chipagem – aquelas histórias de animais que são localizados mesmo depois de anos perdidos, em outros países, ocorrem porque há a cultura de chipar os animais, tanto quanto aqui no Brasil, há a cultura de dar banho nos bichos e colocar lacinhos. Com o chip, além de facilitar a identificação de um animal que foi encontrado e deseja-se saber sua origem, temos outros benefícios. Se o animal é roubado ou abandonado, está lá o chip que não deixa mentir!
Educação Ambiental – o que é óbvio para uma pessoa, nem sempre é para a outra. Sim, as pessoas precisam ser educadas para que saibam que os animais têm sentimentos, necessidades e que há leis que os protegem. Primeiro há que educar, mesmo que seja falar o óbvio. E nesse momento, mais uma vez o Poder Público pode estar presente, inclusive subsidiando tratamento veterinário a animais de pessoas de baixa renda. Há inúmeros casos de animais que agonizam doentes, porque o tutor acha que animal ‘se vira’ e que ele não vai gastar com bicho. Bicho nem é gente!
Multas – Se a pessoa não tem consciência para doer, que seja em uma parte mais sensível: o bolso. É necessário que a legislação que protege os animais, o meio ambiente como um todo, seja cumprida. Tem gente que ainda usa o termo ‘tratado igual animal’. Uma expressão que lembra do tempo em que animais eram tratados como simples objetos, sem direitos. Se há leis, precisam ser cumpridas. E essa grana, pode muito bem ser direcionada a um fundo, para subsidiar os outros processos anteriores: castração em massa, chipagem e Educação Ambiental.
Quando temos políticas públicas, os políticos vão embora, e elas permanecem. Devemos lutar pelo direito dos animais, pela lei dos mais fracos!
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