Cachorrada! Os embalos do Oscar à noite
Aida Franco de Lima – OPINIÃO
Eu não assisti o Oscar 2022. Faz muito tempo que não vejo, acompanho a repercussão no dia seguinte. Eu sou de outra época. Da época que o Rubens Ewald Filho fazia os comentários. Eu adorava, achava um espetáculo, os comentários! Também sou da época que meus alunos da PUC Minas, em Arcos, dos cursos de Comunicação Integrada, faziam bolão para adivinhar os premiados, sempre organizado pelo incrível Jordane Trindade. E nessa segunda, 28, fui lá ver os comentários no Twitter e me deparo com a história da piada depreciativa e do tapa que, claro, já virou meme. Mas na minha opinião o Oscar da noite foi dividido entre a atriz Jamie Lee Curtis, John Travolta e Betty White, in memorian. Explico!
Acontece que Jamie Lee Curtis, em vez de piada ou tapa, usou o palco para outro gesto. No momento reservado para homenagear a memória dos artistas falecidos, pela Academia, ela destacou que Betty White (1922-2021), além de atriz era ativista da causa animal e para homenageá-la, levou no colo uma cachorrinha Sem Raça Definida (SRD), cuidada pela ONG Pawworks.
“Ela não era apenas uma Golden Girl, ela era uma lenda que iluminava todos os cômodos em que entrava e trazia um sorriso aos rostos de todos que a assistiam na tela”, disse Curtis. “E dia após dia por quase um século, ela era uma mulher que se importava não apenas com seus amigos de duas pernas, mas também com animais como este. Curtis continuou: “Então, o maior presente que você pode dar a Betty White é abrir seu coração e sua casa e adotar um cão resgatado como Mac-N-Cheese da Paw Works.” (Jamie Lee Curtis falando a respeito de Betty White – Via Fórum Nacional de Proteção e Defesa Animal)
E não é que a história dessa cachorrinha, em especial, teve um final feliz? Ela foi adotada por John Travolta, que usou seu Instagram para postar a foto dele, o filho de onze anos e o animalzinho que agora faz parte da família do galã dos embalos de sábado a noite. Já tinha registros dele nos bastidores com a cachorrinha no colo, deve ter sido algo como amor à primeira lambida.
Poderíamos dizer que o Oscar 22 reservou cenas de cachorrada, com piada e agressão? Não. Se classificarmos isso com esse termos, estaremos praticando o especismo, que eu já expliquei aqui. Mas podemos falar sim, que umas das cenas memoráveis será desse outro tipo de cachorrada, quando uma atriz sobe no palco para em vez de estapear, acolher; Quando uma atriz usa microfone para em vez de debochar da dor alheia, ressaltar a grandeza de quem já partiu e a defesa de sua causa. E quando um ator famoso leva para casa não uma estatueta, mas um bichinho que a partir dessa noite também colocou suas patinhas na calçada da fama, literalmente.
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