Aida Franco de Lima – ARTIGO
Os ipês estão colorindo nossas cidades, dos mais variados cantos do Brasil. Roxo, rosa, branco, amarelo. Tem até verde e tabaco, e eu ainda não sabia! As árvores de caules resistentes, que muitas vezes parecem secas, passam o ano todo praticamente desapercebidas. Mas chega o período do inverno e elas transformam o cinza das cidades em um alegre colorido. É justamente pela resistência de sua casca, que a árvore tem esse nome. Ipê na língua guarani significa isso, casca dura.
Uma característica do ipê é que quando suas flores vão desabrochar, elas tomam contam de toda a copa da árvore, transformando-a em uma espécie de grande buquê. Lindos, maravilhosos, fantásticos. As pessoas fotografam, elogiam, mas passada a temporada das flores, o ipê volta a ser um entrave no meio urbano.
Durante o ano todo os ipês, como todas as outras árvores urbanas, precisam lutar pela sua sobrevivência. São inúmeras interferências, como as podas realizadas para dar lugar aos cabos de energia ou para que as fachadas das lojas se destaquem. Há os novos empreendimentos imobiliários que brotam onde germinaram antes as árvores, assim como também a necessidade de abrir mais vagas para os carros.
Também há as quedas de árvores nas tempestades e das folhas que irritam muita gente, que acabam reivindicando os cortes das vilãs. Muitas vezes essas árvores sofrem podas que tiram seu equilíbrio e a situação ainda piora com a pavimentação do seu entorno. Isso que ainda há o CO2 lançado o tempo todo, cuja demanda aumenta conforme o tráfego de veículos. Ufa! É uma luta que as árvores enfrentam para que sobrevivam entre os humanos.
No campo, com o afrouxamento das leis ambientais, e as matas nativas sendo engolidas pelo monocultivo, criação de gado, indústria madeireira, entre outros empreendimentos, a espécie como tantas, também encontra desafios. Vencidos esses e outros obstáculos, os ipês nos brindam com seu leque de cores.
É importante que as pessoas que valorizam a natureza registrem imagens dos ipês no auge do seu esplendor. Assim, no restante do ano, se alguém os ameaçar, sob a justificativa de que, entre outras, determinada árvore está velha, as imagens ajudem a lembrar que os ipês também remetem aos vinhos. Que quanto mais velhos, mais devem ser valorizados, e são as doses necessárias para nos embriagarmos com sua beleza, em meio ao estresse cotidiano.
Este texto é de responsabilidade do autor/da autora e não reflete necessariamente a opinião do H2FOZ.
Quer divulgar a sua opinião. Envie o seu artigo para o e-mail portal@h2foz.com.br
Comentários estão fechados.