Árvores: a raiz do problema
Muretas no entorno dos caules de árvores urbanas dificultam a absorção da água que escorre pelas vias
Por AIDA FRANCO LIMA | OPINIÃO
Que as nossas cidades estão cada vez mais impermeabilizadas, isso todos sabemos e comprovamos. Quem é que fiscaliza se a metragem de terra permeável, em cada quintal, é respeitada? Olhem para os canteiros centrais, das avenidas. O espaço reservado ao gramado e às raízes das árvores, está sendo comprimido, para dar lugar a vagas para carros. Quando muito uma ciclovia, em que o uso de material que possa drenar a água, passa longe dos pensamentos de quem as projetam.
Mas vamos pensar, então, nas nossas árvores urbanas que disputam espaços nas calçadas com os pedestres, materiais publicitários, mesas e cadeiras, expositores, lixeiras, postes e o que mais possa vir a enfeitar o cenário urbano. Há árvores de todas as espécies e tamanho, cores e idades, como lá parafraseando a música do Martinho da Vila, Mulheres. Mas há aquelas que precisam ser atrevidas para sobreviverem em meio ao sufoco da selva dos homens.
Não bastasse também a poluição que as matam, há uma pequena e grande barreira que impede a absorção das águas das chuvas, quase imperceptível: as muretas em volta de seus caules. Muitas vezes esse pequeno detalhe é mais por questões estéticas ou então para fins funcionais, como dar vezes a um acento. Resta à árvore os pingos horizontais da chuva e absorção no subsolo, visto que na vertical sua fonte de água agora é desviada.
Esse é um detalhe que passa desapercebido. Nem sempre a pessoa faz por má intenção. E é responsabilidade do poder público promover tão informação. É importante que a fiscalização atente-se a isso. E mais, que o Código de Postura, caso não contemple tal situação, que seja alterado a pedido do Executivo ou Legislativo ou mesmo da comunidade. E que se o mesmo já abranja esse contexto, que seja respeitado!
Prestem atenção no que estão virando nossas cidades. Alamedas inteiras dando lugar a pequenos jardins. E com as vagas de estacionamentos recuadas, onde era o lugar de uma árvore, que dava sombra a vários carros, a impressão é que privatizaram o espaço público. E com isso, vão se as árvores e ficam os locais cada dia mais ensolarados. Árvores frondosas substituídas por arbustos, quando muito. E as que ainda restam, sufocadas por conta de uma estética que atende ao olhar e não à seiva.
Faça uma experiência, ande na calçada de onde você mora. Conte quantas árvores há em frente a cada estabelecimento. Observe se a mesma tem espaço para absorver a água que escorre pelo chão, ou só está mesmo à mercê do céu. Mas se é por falar em estética, onde a mesma fica esquecida, quando a legislação de muitas cidade flexibiliza a retirada dos troncos antigos? Ah, esse problema, é muito mais embaixo.
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