A violência nossa de cada dia: pardais e o rolo compactador

A violência cotidiano está nos mais variados contextos e precisamos puxar o freio, do contrário seremos todos atropelados

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Aida Franco de Lima – ARTIGO

A coluna é sobre Sustentabilidade, mas como não falar de Marcelo Arruda, um aniversariante morto em sua própria festa em Foz do Iguaçu, ou do que parece ser um estuprador em série de grávidas, durante cesáreas, no Rio de Janeiro? Diante dessas brutalidades as pessoas chamam umas às outras de animais, de selvageria e eu já tratei desse assunto, relacionado ao especismo. O modo como nos reportamos aos animais para classificar as ações abjetas dos humanos, é errada. Temos muito a aprender com eles.

Também já tratei do tema que relaciona a violência cometida contra animais à psicopatia, no texto ‘Animais: maus tratos é indício de psicopatia’. Basta procurar no histórico dessas pessoas que cometem violência. É muito certo que elas também são cruéis com os animais, com a natureza. Não tem erro!

Nosso Brasil encontra-se em uma escalada de violência, mas uma disparada rumo ao fundo do poço. A cada crime bárbaro nos perguntamos até quando e a resposta é: até a próxima manchete nas capas dos portais.

A impressão é que estamos perdendo a capacidade de nos indignarmos. Como pode nós, uma espécie racional, sucumbirmos nossa sociedade à violência? Lembram de Dom e Bruno? Assassinados por defenderem a Amazônia? Foi dia 05 de junho, pouco mais que um mês, e já está quase esquecido pela mídia porque outros fatos tanto quanto ou ainda mais violentos surgiram.

Temos leis para coibir crimes contra humanos, temos leis para proteger o Meio Ambiente, porém, é tanta brecha jurídica! Que no final das contas, a vítima acaba sendo violentada duas vezes. Primeiro pela violência em si. Segundo, pela exposição da crueldade contra seus corpos, sua imagem, suas memórias, nas redes sociais. Quando quem devia ficar conhecido e exposto, e exigido que paguem pelos seus crimes diante das leis, são os algozes, quase sempre de cabeça baixa para que seus rostos não sejam evidenciados.

E nesse maratona toda de violência, o meio ambiente, a nossa casa, é vítima em tempo integral. E nós, que tentamos falar em prol da natureza, também estamos cada vez mais acuados. Escrevi esse texto: ‘Ambientalistas: de heróis a vilões’.

Estamos vivendo dias difíceis. Temos muito que aprender com os animais. Claro que na natureza há uma disputa por comida território e tudo mais. Msa somos os únicos que destruímos nossa casa, a Terra! Há algum tempo presenciei uma cena surreal. Levava minha filha para a escola e vi dois pardais brigando. Eles paravam no chão embolados, brigavam, levantavam voo e continuavam lutando. Isso ocorreu enquanto eu estava no semáforo. Mais à frente, fizeram o mesmo na minha frente. Eu parei o carro e comecei a buzinar e saiu uma uma frentista do posto para espantá-los. Não sei os limites daquela briga. Mas o que fizemos foi tentar evitar que os dois morressem esmagados sob os carros.

E de certo modo, estamos assim, sendo atropelados pela violência diária. Recentemente escrevi um texto sobre os pitbulls. Fiz de tudo para escolher muito bem as palavras, para não ser ‘mordida’ por aqueles que não sabem interpretar textos. Por isso é importante ler, estudar, escutar o outro, saber que a minha liberdade vai até onde vai a do próximo.

Há uma espécie de tratado nas sociedades dos animais irracionais, cada um sabe de seus limites, conhece seus territórios. Nós, principalmente os brasileiros, que sempre fomos tão ‘bonzinhos’ (bordão criado por uma atriz americana, Kate Lyra, em programa televisivo, diante de sua ‘inocência’ em relação às segundas intenções dos homens que a assediavam), precisamos puxar o freio de mão, para que não tenhamos o mesmo fim dos pardaizinhos. Porque em vez de uma motorista e uma frentista para separar, há um rolo compactador sem freio em nossa direção.

Este texto é de responsabilidade do autor/da autora e não reflete necessariamente a opinião do H2FOZ.

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