A ‘moda’ das palmeiras e a reação da sociedade em prol de árvores nativas
Aida Franco de Lima – OPINIÃO
Já repararam que virou moda o plantio de palmeiras imperiais? Elas estão em toda parte, nos prédios públicos, obras particulares… De uma hora para outra, onde havia árvores com sombra, vem a motosserra, derruba tudo e lá surgem as palmeiras. Há quem goste, há quem abomine.
Tenho uma amiga querida, é a Sônia, mora lá em Minas. Ela tem pavor (a ponto de desmaiar!) diante de lagartas, em especial os mandruvás, que amam palmeiras. Ela chegou para o prefeito de sua pequena cidade, Arcos, e falou: “O senhor vai me desculpar, mas se plantarem palmeiras na pracinha na frente da minha casa eu vou matar elas tudo!”. Recado dado, ao menos lá a praça ficou com cara de praça e não orla marítima sem mar. Sim, as cidades Brasil a fora estão infestadas de palmeiras, só falta a água salgada.
Não importa muito o nome da cidade, mas é muito comum o termo revitalização rimar com devastação. Onde tem árvores, cortam e no lugar, surgem as palmeiras. Porém, essas são espécies que apesar da magnitude, são frágeis. Quando transplantadas adultas, precisam de cuidado, planejamento, irrigação contínua nas primeiras semanas, espaçamento adequado, entre outros. Quer um exemplo? Basta falar de Cianorte, local em que a devastação de aproximadamente cem árvores, tipuanas, para o plantio das palmeiras, foi parar na Justiça. Em 2021, depois de denúncia, o Ministério Público mandou a Prefeitura plantar, nas proximidades, 45 ipês, para repor o corte de algumas das centenas de árvores.
E a situação agravou-se, que agora, novamente, a Justiça está convocando os envolvidos mais uma vez. Afinal, enquanto você lê esse texto, R$ 14.400,00 reais foram avenida abaixo. Sim, ao valor de 1200 reais cada, 12 unidades das palmeiras já morreram. Restam outras 80, que estão mais pra lá do que pra cá! Quando foi realizado o plantio, em 2020, o modo como ficaram dispostas no sol e desidratadas, fez com que um especialista previsse que 90% delas morreriam. E diante disso, um grupo de amigos resolveu botar a mão na terra!
Aproveitamos que dez palmeiras imperiais secaram, e até agora plantamos sete mudinhas de ipês, amarelo e rosa, próximas de onde só restam os troncos murchos. As gigantes imperiais foram encomendadas em 2018, em decisão do Conselho Municipal do Meio Ambiente de Cianorte. Quando foi para o plantio, em 2020, o modo como ficaram dispostas no sol e desidratadas, fez com que um especialista previsse que 90% delas morreriam.
Pagamos 70 reais em duas mudinhas de ipês rosa e mais 190 nos cinco ipês amarelos. Daria pra pegar pela Prefeitura? Sim, mas primeiro você tem que ir de um extremo ao outro na cidade para preencher o cadastro e então ter direito a duas mudinhas. Seria bom que as prefeituras facilitassem o acesso às mudas! Como é na sua cidade? O caminho de quem quer plantar uma árvore tem poucos ou muitos espinhos? Já procurou se informar? Você já pensou em plantar uma árvore e ajudá-la em seu desenvolvimento?
A ideia é levar o conceito do reaproveitamento de materiais que iriam para o lixo e a participação das pessoas na resolução dos problemas da cidade, na proteção das árvores, tão importante na vida urbana. Os cabos de vassouras serviram para sustentar as árvores maiores. Algumas foram protegidas com umas grades feitas de sarrafos e vigas. Em outras o conceito da reciclagem e economia surgiu com a ideia de usar duas caixas de madeira, de frutas, que costumam ser descartadas. Houve a preocupação em deixar um recado em cada planta, escrito em papel sulfite, protegido por embalagem plástica, adesivados em cada grade de proteção, motivando as pessoas a cuidarem das plantas.
“Para cada palmeira morta, vamos plantar uma mudinha de ipê. Assim, um dia, o canteiro central voltará a oferecer sombra, embelezar o local e melhorar o conforto térmico”, lembrou a professora Noemi Ferreira.
O interessante é que após as fotos serem divulgadas nas redes sociais, muitas famílias também postaram que já estão fazendo essa ação e outras pessoas ficaram interessadas em participar.
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