A dor dos ativistas e protetores de animais

Aida Franco de Lima – OPINIÃO

As pessoas que amam os animais, e os acolhem, nem sempre são compreendidas pelos familiares. É como se santos de casa não fizessem milagres. Porque as pessoas de fora admiram, elogiam e louvam tal atitude. Mas é que os familiares sabem o quanto isso custa de dor, de tempo, de dinheiro, de trabalho. Os familiares sabem o quanto quem resgata animais voluntariamente sofre por eles, sofre quando quer ajudá-los, quer salvá-los, quer arrumar lar para todos e não consegue.

O mesmo sentimento é com relação aos ativistas que lutam para salvar um rio, defender uma floresta, uma árvore, denunciar as tragédias ambientais. Nesse caso, diferente dos protetores de animais, principalmente os domesticados, há um agravante ainda maior. Essas pessoas ameaçam interesses de grandes grupos políticos e econômicos e muitas vezes, pagam com suas vidas.

Os ativistas que defendem as questões ambientais incomodam porque são a pedra no sapato daqueles que querem transformar o meio ambiente, um bem coletivo, em seu quintal particular. No quintal, a pessoa faz o que bem entender, mas ainda assim há limites, quando esta incomoda a vizinhança.

Correa do Mel é um ativista que realiza um trabalho de formiguinha, que faz a diferença na vida daqueles que ao menos por alguns momentos, terão suas necessidades aliviadas. Foto: Facebook

No caso do meio ambiente, seus defensores, representam uma ameaça para quem deseja abrir uma avenida no meio da mata, para dar acesso ao seu empreendimento imobiliário, agrícola ou industrial. Também são o pé na porta daqueles endinheirados que resolvem cravar uma mansão em uma ilha paradisíaca ou no topo de uma serra ou em meio a uma floresta, entre outros formas de ostentação.

“Se não quer progresso, vai morar no meio do mato”. Essa frase é escutada por aqueles que tentam defender o que resta de áreas verdes, principalmente nas áreas mais nobres. Outro dia eu estava em uma rua de mão dupla, muito movimentada, com minha filha adolescente. E expliquei para ela que aquela via só não foi duplicada, porque é ladeada de construções. Que ninguém cogita derrubar prédios para alargar vias, em nome do progresso. Mas que quando se trata de um ambiente natural, tudo é permitido.

E essa é a dor dos ativistas, dos protetores. É a dor de sentir a impotência. É a dor de sentir que se os gestores tivessem o olhar do ativista e sentimento de quem realmente respeita o meio ambiente, de quem de fato ama os animais, estaríamos em uma sociedade diferente. Quem defende o meio ambiente, normalmente não tem a caneta.

Quem trabalha voluntariamente pelas causas ambientais como um todo e isso envolve defender a vida de quem não vota, não o faz de graça. Na verdade PAGA, em letras bem graúdas, para tentar carregar o mundo nas costas. Isso dói muito nos bolsos, e ainda mais na alma. É gente que não tem final de semana ou feriado, com seu celular divulgado aos quatro ventos, que não tem estrutura pública para atuar e ainda assim faz milagres!

Ativistas, protetores, seja o nome que for. Se você conhece alguém que tenha um histórico e não apenas se aproveite do termo, valorize! Essa, é mais uma espécie em extinção.

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