Transporte coletivo: imune aos antigos e novos problemas
A pandemia do novo coronavírus não é capaz de abalar as relações de poder que envolvem o transporte coletivo de Foz do Iguaçu. O problema é histórico e se apresenta com ainda mais gravidade neste momento de emergência em saúde pública.
EDITORIAL H2FOZ
A pandemia do novo coronavírus não é capaz de abalar as relações de poder que envolvem o transporte coletivo de Foz do Iguaçu. O problema é histórico e se apresenta com ainda mais gravidade neste momento de emergência em saúde pública.
São as mesmas empresas operando o serviço há muito tempo; as relações políticas são muito próximas entre agentes públicos e os “donos” do sistema público de transporte; e o contrato de concessão em nada beneficia a população. Esses são apenas alguns dos “ingredientes”.
Em recente intervenção do poder público para atenuar dificuldades de pagamento a trabalhadores do transporte coletivo, a prefeitura nomeou um interventor ligado a uma das empresas de ônibus que integram do Consórcio Sorriso. Isso dá um retrato da dimensão do problema.
Hoje, dentro dos ônibus, nos pontos de parada e no Terminal de Transporte Urbano, os usuários enfrentam filas e longas esperas por causa da diminuição dos veículos em circulação e da frequência das linhas. Um simples giro pelas ruas revela aglomerações de pessoas, todas expostas aos riscos da covid-19, como retrata reportagem especial do H2FOZ publicada neste domingo, 21.
São na maioria trabalhadores que precisam do serviço público para locomover-se ao trabalho e outros compromissos do dia a dia. Ficam ainda mais expostos ao vírus do que quem transita pelo município em automóveis.
As medidas insuficientes no setor adotadas em tempos de pandemia demonstram ser uma continuidade dos remendos costurados para comportar interesses do poder público e da iniciativa privada desde a época da origem atual concessão. Em 2010, na gestão do prefeito Paulo Mac Donald Ghisi e do vice-prefeito Chico Brasileiro, foi realizada a Concorrência Pública 005/2010 pelo Departamento de Compras da Secretaria de Administração (então sob o comando de Chico Brasileiro).
O transporte público é um direito de todo cidadão brasileiro assegurado pela Constituição de 1988. Três décadas já se passaram da Carta Magna, e o morador de Foz do Iguaçu vê poucos avanços; em alguns casos até mesmo retrocesso (como a falta de integração das linhas) na concessão pública de responsabilidade da prefeitura e operada pelo Consórcio Sorriso (hoje formado por três empresas de ônibus).
De lá para cá, o município viu inabaladas as inúmeras cenas da “disputa jurídica” entre prefeitura e consócio. Uma novela judicial iniciada ainda no fim do mandato de Mac Donald e posteriormente nas gestões de Reni Pereira, Ivone Barofaldi, Inês Weizemann e, agora, com Chico Brasileiro na titularidade do cargo.
A covid-19 sensibiliza o mundo por transformações, porém na fronteira não humaniza a histórica linha do tempo de falta direitos do cidadão.
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