Precisamos falar de assédio moral

O assédio moral adoece os trabalhadores que são constrangidos das mais variadas maneiras, principalmente via superior hierárquico

Por AIDA FRANCO LIMA | OPINIÃO

Passamos oito horas do dia no ambiente de trabalho. Somam-se aí, nos grandes centros, ao menos duas horas para ir e voltar, tendo como foco o trabalho. Temos, então, metade dos dias de nossas vidas voltadas ao lugar onde vamos dedicar o que temos de mais precioso, o tempo. Isso sem falar, de quando o funcionário faz suas refeições no local, inserido na mesma atmosfera.

Mas e quando esse tempo que você dedica a produzir, seja de modo braçal ou intelectual, é intoxicado por chefias e colegas? Como decidir entre a saúde física e mental e o salário no final do mês?

Em 2021, a Justiça do Trabalho contabilizou algo em torno de 52 mil casos de assédio moral no Brasil. Isso os denunciados. E aqueles que não foram registrados por receio de ainda mais represálias?

Essa não deveria ser uma escolha difícil, até porque não era para ter a opção de um ambiente de trabalho adoecer um funcionário. E é por isso que o assédio moral é considerado crime. E tem de ser denunciado.

O assédio moral pode ser silencioso e nem mesmo deixar provas para quem o pratica. É uma ação sutil. Como a tortura com gotas de água. Parece algo pífio para quem vê, mas a quem é destinado é um martírio.

Há muitas formas de assediar moralmente alguém que não é desejado no ambiente de trabalho, como sobrecarregar de serviços ao ponto de a pessoa não dar conta, assim como não destinar nenhuma tarefa. A pessoa se sente uma inútil. Levantar acusações de erros que não ocorreram ou não instruir corretamente sobre como desenvolver uma atividade. Tudo isso é assédio.

Assédio moral acontece em todas as partes, mas umas mais e outras menos veladas. Porém é mais vergonhoso quando ocorre no serviço público, pois quem assedia é pago com os mesmos recursos de quem passa pelo constrangimento.

Tem sido realizados inúmeros eventos e orientações sobre como perceber e enfrentar essa prática criminosa. E uma delas é a vítima juntar provas e testemunhas. Entretanto quem terá coragem de denunciar que a pessoa com quem trabalha é humilhada ou colocada de escanteio, com o risco iminente de perder seu emprego?

O enfrentamento a esse tipo de perseguição tem de caminhar de mãos juntas com a informação. Sindicatos, associações e entidades profissionais precisam chamar para si essa responsabilidade. A saúde do trabalhador é uma só, contudo o assediador está por toda parte.

O trabalhador não quer, não pode perder a sua fonte de sustento. Mas ele também não pode condenar sua saúde porque alguém não o deseja naquele espaço, por medo de sua sabedoria ou porque seus santos não batem. Algo precisa ser feito. Com urgência!

Este texto é de responsabilidade do autor/da autora e não reflete necessariamente a opinião do H2FOZ.

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