As escolhas desta eleição são maiores que ela

Fomos acostumando-nos ao debate eleitoral nos anos pares, alternando entre escolhas municipais ou estaduais e nacional.

Por Fabiano Severino – OPINIÃO

A partir da Constituição de 1988, voltamos a escolher ocupantes para os cargos do Executivo e Legislativo em todo o território nacional, e com isso também projetos de país por meio de propostas para economia, saúde, educação, infraestrutura, meio ambiente, segurança pública, política internacional e mais uma gama de áreas. Fomos acostumando-nos ao debate eleitoral nos anos pares, alternando entre escolhas municipais ou estaduais e nacional. Este ano é o 33º desde que retomamos essa prática, e como estamos?

Nunca foi novidade a exaltação de ânimos e discussões mais acaloradas nesses períodos, afinal o processo eleitoral não diz respeito apenas à escolha dos nomes, mas também é sobre como construímos a prática política coletivamente, afinal votar se aprende votando. Pode parecer algo óbvio e até simplório dizer isso, mas não é. 

Após passarmos muitos anos impedidos de realizar essas escolhas, estamos (re)aprendendo a exercitar esse direito, também um exercício civilizatório. Portanto, no período eleitoral, em especial, construímos também uma sociabilidade política, e nela apresentamos nossos avanços e desafios.

Neste ano, os desafios gritam diante de nossos olhos. Não se tratará apenas da escolha de ocupantes para os cargos eletivos, da disputa entre partidos para ampliarem sua atuação nos governos e parlamentos, de grupos disputando sua representatividade nas bancadas. Trata-se de como vamos lidar com uma escalada de violência que mostra a extrapolação do âmbito discursivo para a materialização. Não é mais sobre a divergência de ideias, passa a ser sobre a escolha de quem pode ou não existir.

A escolha que temos diante de nós não se findará com o ato de votar, nem com a apuração desses votos e proclamação dos resultados. A forma com a qual agiremos como sociedade durante esse período talvez diga muito mais sobre nossas escolhas anteriores e implicações futuras. Ela nos mostrará quais são os reais valores que nos guiam coletivamente, afinal a prática é o grande critério da verdade.

Reafirmarmos um pacto social em direção à constituição de uma forma de existência em que caibam todas as pessoas, não sem divergências ou pensamentos diferentes, compreendendo que isso não justifica o aniquilamento da outra, não é mais necessário apenas, é condição de sobrevivência.

Quando o ódio guia escolhas e ações, o único destino é a barbárie, e temos por necessidade sermos melhores que isso.
Meus sentimentos à família e amigos de Marcelo Arruda.

*Fabiano Severino, pedagogo e otimista em relação à capacidade coletiva de aprendermos a ser melhores.
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