O futuro, antes e depois na visão de Hollywood. Do carro voador à catástrofe ambiental
A ficção dos filmes acompanha de perto o que acontece no mundo. Ou o que estamos fazendo com o mundo.
Cláudio Dalla Benetta
Assista a qualquer filme futurista e veja por que Hollywood mudou sua forma de pensar o futuro.
Antes, eram prédios altíssimos, carros voadores, gente vestida com roupas sintéticas, viagens ao espaço que qualquer um podia fazer.
Agora, o mundo do futuro está sempre à beira da catástrofe final. Não por guerras (embora também por elas), mas pelo que fizemos com os recursos naturais do planeta.
Vai faltar água, vai faltar comida, vai faltar energia. E vamos ter que encontrar outro planeta pra morar, como acontece no filme “Interestelar”, onde a Terra não precisa mais de engenheiros e técnicos em geral (não nos faltam TVs e carros, diz um professor), mas de agricultores, pra garantir a sobrevivência, já que as culturas agrícolas estão sendo destruídas progressivamente (por enquanto, resta o milho).
Mas isso tudo parece tão futurista, não é mesmo? Tão fantasia!
E, no entanto, as mudanças já estão acontecendo. Com base nos estudos do Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas, a revista 'Viva a Longevidade' listou seis das mudanças mais perceptíveis.
1. Temperatura. Os quatro últimos anos foram os mais quentes da história da Terra. Estamos sentindo cada vez mais calor durante o verão e frio intenso em determinados invernos.
2. Turbulências. A movimentação das massas de ar é uma das consequências do aquecimento global. O curioso é que esse vaivém de ventos quentes e frios acabou afetando também as viagens de avião. Não chega a ser preocupante, mas sinaliza que quem costuma voar terá que se acostumar a passar por mais turbulências até chegar ao seu destino.
3. Descongelamento de icebergs no Ártico e na Antártida. Em 2017, um iceberg maior do que o Distrito Federal, com mais de um trilhão de toneladas e 5.800 km2, desprendeu-se da Antártica. Mais um sinal de alerta pro que pode acontecer no planeta.
4. Migração. As novas condições do clima obrigam as espécies animais a se adaptar à nova realidade e a mudar as rotas normais de migração. O problema é que há o risco de que parte delas não encontre um ambiente habitável – é o caso dos cangurus encontrados mortos em regiões ermas da Austrália, por causa do calor.
5. Extinção de recifes. Os recifes de corais, considerados a espinha dorsal do ecossistema marítimo, correm risco de extinção por causa de aquecimento do seu habitat, o mar. A extinção de uma quantidade elevada de corais pode comprometer a sobrevivência de peixes e algas, que se alimentam e se abrigam nos recifes.
6. Furacões. Em 2017, três furacões atingiram o território norte-americano em um curto período de tempo – um deles foi o furacão Irma, o maior a passar pelo Oceano Atlântico. Ainda é incerto dizer que as alterações climáticas estão estimulando as ocorrências de uma quantidade maior de furacões e maremotos, mas especialistas apontam que a força desses desastres naturais aumenta em razão do aquecimento da Terra.
E nós com isso?
Se você pensar no futuro daqui a dez anos, é bem provável que as mudanças pouco interfiram no estilo de vida do homem, a não ser que ele esteja no caminho de um furacão ou esteja num calor de 50 graus sem ar condicionado.
Mas, se você jogar 50 anos pra frente, vai começar a ficar perigoso. Temos hoje quase 8 bilhões de pessoas pra alimentar. O número ainda vai aumentar muito.
E não é só. Cada um de nós quer, sonha, anseia por ter o padrão de vida de um europeu, de um norte-americano. Milhões de chineses estão cada vez mais ricos e mais perto de concretizar o sonho.
Mas isso nunca será possível pra todos, mesmo extinguindo tudo o que a Terra pode oferecer. A busca por essa qualidade de vida, no entanto, vai levar a cada vez mais devastação, ao uso de técnicas cada vez mais danosas (como venenos pra garantir alimento, mais gado – e o efeito estufa que provoca – em áreas verdes, mais agricultura derrubando florestas).
Quanto menos florestas, maior o aquecimento global, maiores as mudanças climáticas, maior o risco de que o futuro se pareça com um filme de catástrofe. Ou, mesmo, com o que acontece na Terra em “Interestelar”, onde, na região dos Estados Unidos que é mostrada, só resta o milho.
A mudança para outro planeta é possível? A tecnologia atual não permite isso. E talvez seja muito difícil encontrar um “buraco de minhoca”, a hipótese científica que permitiria um atalho no tempo e no espaço para atingirmos, em poucos anos, planetas que estão a milhares de anos-luz de distância.
A outra solução, que nos permitiria continuar vivendo aqui, embora sem todo o conforto que a classe média conta hoje, seria fazer exatamente o que mandam os ambientalistas.
Reciclar, eliminar o consumismo, retirar da Terra só o que ela pode dar sem acabar com o fornecimento no futuro, despoluir os rios, os mares e a atmosfera. Viver com menos pras outras gerações terem com o que viver. Com sustentabilidade, a palavra da moda.
E, especialmente, zelar com carinho pelo que ainda resta de selvagem, de intocado, onde o homem ainda não chegou com motosseras, com tratores, com essa ânsia humana de dilapidar.
Esse cuidado vale pras árvores da nossa rua, pro riacho que atravessa o bairro, pro Parque Nacional que temos “em nosso quintal”, pra selva amazônica, pra Antártida e todo o pouco que ainda resta de puro.
Esse artigo é só uma reflexão pra marcar esta terça-feira, 4, antevéspera do Dia Mundial do Meio Ambiente, 5 de junho.
Precisamos pensar nisso, porque quem deveria pensar e agir pra controlar abusos, não está nem aí pra isso. Ao contrário.
E esse é o perigo de agora e de sempre.