Notas curtas pra uma sexta-feira chuvosa
Sobre radares, empreendedorismo no semáforo e crise lá e cá.
Radares
Motoristas de Foz passam ressabiados nos locais onde havia radares, antes da troca por novos. Nem sempre o novo radar funcionará ali, mas o que é aquele poste baixinho?
E quem vê os novos radares também fica meio cabreiro. São diferentes, menos vistosos. Será que vou lembrar onde fica este aí?, pensa o motorista ao passar por um dos equipamentos.
Parece até ingenuidade falar isso, mas ninguém precisaria se preocupar com radares e multas. Existe uma velocidade máxima pras avenidas de Foz, de 60 km por hora. Em poucos trechos cai pra 50 km por hora, como na Avenida das Cataratas, perto do shopping Catuaí.
Mais raros ainda são os trechos sinalizados com velocidade de 40 km por hora.
Quer dizer, quem trafega a 60 km por hora tem pouquíssima chance de ser multado, desde que fique atento a esses pontos de menor velocidade máxima. Simples assim.
Ou não?
Vendedor de rua
O sinaleiro fecha e lá vem o grupo de vendedores, de carro em carro. Eles abordam os motoristascom frutas, doces, até pedido de ajuda pra entidade que auxilia drogadictos.
Mas um deles, em especial, chama a atenção. Vem com uma placa manuscrita e com sua sacola de paçoca (isso só se pode saber depois). A placa diz: “Quero ser empresário. Preciso começar de algum jeito”.
O motorista da frente se convenceu. Comprou cinco paçoquinhas de R$ 1,00 cada. O de trás, comprou duas. E aí o sinaleiro abriu.
Isso aconteceu na quinta-feira, 25, no semáforo das avenidas Paraná e República Argentina.
R$ 7,00 em 30 segundos. Não parece ser um mau negócio, sob qualquer ponto de vista.
Está nascendo mesmo um empresário. Tem algumas qualidades: veste-se com simplicidade, mas com roupas limpas e vê-se que é afeto a higiene. É educado.
Mas, principalmente, tem o senso de marketing e pensa longe. Não há melhor apelo do que pedir apoio para se tornar empresário.
Vai longe, o rapaz!
Crise nos dois lados
É curioso observar que o comércio está em crise tanto em Ciudad del Este como em Foz do Iguaçu. Em Ciudad del Este, 500 lojas foram fechadas nos últimos três anos, o que provocou cerca de 3 mil demissões.
Em Foz do Iguaçu, o setor de comércio é o que mais emprega, depois do de serviços. E também não vai bem, segundo os números do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), vinculado ao Ministério do Trabalho.
Só em março, 48 comerciários perderam emprego, em Foz, mantendo a tendência de queda que se observa no ano. De janeiro a março, são 109 vagas perdidas.
Esta tendência é recente, já que nos últimos 12 meses o comércio admitiu 9.742 pessoas e demitiu 9.420, isto é, houve um saldo positivo de 312 empregos.
A crise de Ciudad del Este se explica pelo sumiço dos compradores brasileiros, depois das sucessivas altas do dólar. E a tendência é de se agravar a situação ao longo de 2019.
E em Foz? Se o comércio não vai bem, se caíram as vendas, é porque a economia vai mal. Ainda mais porque os compradores de Foz já menos ir a Ciudad del Este e muito menos a Puerto Iguazú. Ao contrário, são os argentinos que vêm comprar aqui.
E tem mais, enquanto caiu no trimestre o emprego no comércio, a média geral de empregos em todos os setores vem se mantendo em alta, com exceção de março, onde houve uma ligeiríssima queda, puxada justamente pelo comércio (e também por serviços).
Mas as perspectivas são boas, especialmente na construção civil, com o início das obras da segunda ponte, entre Foz e Presidente Franco. Pro futuro bem próximo, tem as obras do hotel Hard Rock, que terá 565 suítes.
Mas Foz precisa mais. Tem que criar indústrias, não as poluentes, mas aquelas de alta tecnologia. Quem sabe isso possa se dar em parceria da Prefeitura com o Parque Tecnológico Itaipu, que afinal, quando nasceu, tinha a criação de empresas como um dos objetivos principais.
E com urgência. É bom ficar de olho no comércio. É um excelente termômetro pra se medir o grau de crise ou a aproximação dela.